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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Álvares de Azevedo




Manuel Antônio Álvares de Azevedo, nasceu aos 12 de setembro de 1831, em São Paulo. Matriculou-se no curso de Direito em 1848 e deu início à produção literária, ao passo que começou a sentir os primeiros sintomas de tuberculose.

Alguns dizem que o autor teve uma vida boêmia e para outros, uma vida casta. Contudo, suas poesias mostram uma idéia fixa em sua própria morte, provavelmente por saber do estado de saúde em que se encontrava. Entretanto, o poeta também passou pela experiência da morte prematura do irmão e de seus colegas de faculdade.

Inspirado pela literatura de Lord Byron e Musset, Álvares de Azevedo impregnou suas poesias com ares sarcásticos e irônicos e com idéias de autodestruição, morte, dor e de uma visão de amor irreal e idealizado por donzelas virgens. Além disso, seus poemas de temáticas de frustração e sofrimento ganham um ar melancólico por lembranças da infância, da mãe e da irmã.

Álvares de Azevedo parecia viver uma dualidade de sentimentos que são transpassadas para sua literatura: ora é meigo e sentimental, ora é mordaz e trágico. Por ter o pessimismo como âncora de seus poemas, foi considerado o responsável pelo “mal do século”, caracterizado pelo sentimento melancólico e pelo desencanto.

Em 1851, a idéia de que a morte era certeira em sua vida, começou a escrever cartas à mãe, à irmã e aos amigos certificando-os do seu inevitável destino.

Sua temática voltada à morte pode ser considerada também como um refúgio, uma fuga da realidade conturbada que vivia e da relação com o mundo que o cercava, o qual lhe dava sensação de impotência.
O poeta desejou tanto a morte que morreu ainda jovem, aos 20 anos, a 25 de abril de 1852.

Veja o trecho do poema “Lembrança de morrer” que mostra nitidamente o desejo macabro do autor pela morte:

Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
(...)
Só levo uma saudade... é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
(...)
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua pratear-me a lousa!
Obras: Poesia : Lira dos vinte anos (1853); Conde Lopo (1866)
Conto: Noite na taverna (1855)
Teatro: Macário (1855)


Postado Por 
Vera Lucia Costalonga Lopes 
Graduada em Letras /Português / Inglês pela UNIoeste – de Presidente Prudente /SP 
Pedagogia/supervisão / administração / coordenação pela Fafiprev  de Presidente Venceslau-SP
Especialista em Docência do Ensino Superior - Pós-Graduada Pela Unipan de Cascavel-PR  

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