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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Concretismo



Texto de Décio Pignatari que ilustra bem o concretismo.


O Concretismo surge na Europa, por volta de 1917, na tentativa de se criar uma manifestação abstrata da arte.

A busca dos artistas era incorporar a arte (música, poesia, artes plásticas) às estruturas matemáticas geométricas. A intenção deste movimento concreto era desvincular o mundo artístico do natural e distinguir forma de conteúdo.

Para os concretistas a arte é autônoma e a sua forma remete às da realidade, logo, as poesias, por exemplo, estão cada vez mais próximas das formas arquitetônicas ou esculturais. As artes visuais não figurativas começam a ser mais evidentes, a fim de mostrar que no mundo há uma realidade palpável, a qual pode ser observada de diferentes ângulos.

Por volta de 1950, a concepção plástica da arte chega ao Brasil através do suíço Max Bill: artista, arquiteto, designer gráfico e de interiores. Bill é o responsável por popularizar as concepções da linguagem plástica no Brasil com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956.

As características gerais do concretismo na literatura são: o banimento do verso, o aproveitamento do espaço do papel, a valorização do conteúdo sonoro e visual, possibilidade de diversas leituras através de diferentes ângulos.


Artigos de "Concretismo"









Poesia Social

A poesia social surgiu como uma espécie de contraposição ao movimento concretista, reestabelecendo o lirismo e atuando como uma espécie de denúncia social.

Apresenta-se como uma verdade inquestionável afirmar que os chamados “estilos de época”, “escolas literárias”, enfim, estabelecem entre si um diálogo constante, ora se complementando, ora se contrapondo. Nesse sentido, a poesia socialsurgiu como uma espécie de manifestação, cujo alvo principal era se posicionar contra o radicalismo manifestado pelo movimento concretista. Este, por sua vez, tanto cultuou tal aspecto, que concebeu o poema como a palavra-objeto, centrada em si mesma, cuja expressão não se manifesta pelo discurso propriamente dito, mas sim pelo aspecto visual, geométrico.
Em face dessa questão, torna-se impossível conceber tais manifestações como subjetivas, visto que se trata de algo fechado, isento de múltiplas possibilidades de interpretação. Depois dela, surgiu, então, a poesia social para contradizer tudo aquilo que se fazia visto por intermédio da arte concretista.
A poesia social foi muito bem representada por Thiago de Mello, Ferreira Gullar e Afonso Romano de Sant’Ana. Eles, por meio de suas habilidades artísticas, reestabeleceram o lirismo e fizeram da palavra um instrumento de denúncia social, de revelação das mazelas que assolavam a sociedade da época em que viveram.

Assim, participando ativamente dessas questões, optaram por utilizar uma linguagem simples, que se aproximava do cotidiano, como bem nos demonstra o mestre Ferreira Gullar, em uma de suas criações:

Agosto 1964 
Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo num ônibus Estrada de Ferro - Leblon.
Viajo do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógios de lilazes, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
que a vida
eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito
policial-militar.
Digo adeus à ilusão
Mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do terror,
retiramos algo e com ele construímos
um artefato, um poema,
uma bandeira.
Inferimos que, por meio da expressão Adeus, Rimbaud, o poeta denuncia o que tanto pregaram os modernistas: o desejo de uma literatura autenticamente nacionalista, como forma de desapego às importações.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do terror,
retiramos algo e com ele construímos
um artefato, um poema,
uma bandeira.
Tais versos denunciam a indignação antes promulgada: a denúncia que se faz da realidade social, manifestada pelas desigualdades sociais. Assim como em outro de seus poemas, a intenção não se difere desta:    
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

Profª 
Vera Lucia Costalonga Lopes 
Graduada em Letras /Português / Inglês pela UNIoeste – de Presidente Prudente /SP 
Pedagogia/supervisão / administração / coordenação pela Fafiprev  de Presidente Venceslau-SP


Especialista em Docência do Ensino Superior - Pós-Graduada Pela Unipan de Cascavel-PR  



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