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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A Abóbada - Alexandre Herculano



As suas obras são de cunho romântico e vão desde a poesia ao drama e ao romance. 
Foi, além de um dos mais importantes escritores portugueses do século XIX, o renovador do estudo da história de Portugal.
A Abóbada do Mosteiro da Batalha é o centro deste conto de Alexandre Herculano. 
O arquiteto Afonso Domingues, que se desdobrou para colocar D. João I no trono, estava construindo um mosteiro e no projeto fez uma abóbada incrível. 
Mas em 1.401 ele ficou cego e o rei, D. João I, direcionado por seus conselheiros, resolveu chamar um arquiteto irlandês, mestre Ouguet, para concluir o projeto do mosteiro. 
Ele alterou o projeto da abóbada e, logo depois da obra terminada, a abóbada desaba sobre ele enquanto estava tendo um ataque.
D. João I, então, chama Afonso, restitui-lhe o emprego e este o aceita após muitas desculpas da parte do rei. 
Ele então passa três dias em jejum debaixo da abóbada e morre quando conclui que a abóbada tal como a projetou não cairá. 
Ouguet, que desdenhava de Afonso pois estava velho e cego, torna-se seu admirador.
O que transparece nesse conto é principalmente o nacionalismo de Herculano: o português honrado e que fora guerreiro estava certo, e o estrangeiro arrogante (bretão) estava errado e arrepende-se humildemente no final.


Postado Por 
Vera Lucia Costalonga Lopes 
Graduada em Letras /Português / Inglês pela UNIoeste – de Presidente Prudente /SP 
Pedagogia/supervisão / administração / coordenação pela Fafiprev  de Venceslau-SP

 Especialista em Docência do Ensino Superior - Pós-Graduada Pela Unipan de Cascavel-PR  

A Alma Encantadora das Ruas - João do Rio



            Em 1908, iluminada pelas primeiras luzes da modernidade, o Rio de Janeiro já se revelava, aos olhos mais sensíveis, como uma cidade multifacetada, fascinante, efervescente na democracia da ruas. Nesse ano, um cronista lança o livro "A alma encantadora das ruas", em que observa, deslumbrado, as novas relações sociais que se desenham no coração daquela seria mais tarde chamada a Cidade Maravilhosa. Seu nome: João do Rio.
            A essência da identidade carioca já está presente nas linhas críticas e bem-humoradas deste João: a capacidade de criar soluções de sobrevivência, a paixão pela música, a riqueza do imaginário social, a espontaneidade da mistura cultural que constitui hoje a maior riqueza não apenas do Rio, mas de todo o Brasil.
            O livro aborda questões alijadas da sociedade, como os trabalhadores, as cadeias e ladrões, unindo os fragmentos do Rio de Janeiro da época.
            A alma encantadora das ruas é o terceiro livro desse escritor e foi publicado em 1908 pela Editora Garnier, tornando-se rapidamente um sucesso de vendas. Embora seu título lembre El alma encantadora de Paris (1902) do nicaraguense Enrique Gomez Carrillo, pela sua temática, está bem mais próximo de Les petites choses de Paris (1888) de Jean de Paris (pseudônimo do jornalista do Le Figaro Napoléon-Adrien Marx) e de Paris inconnu (1878) de Alexandre Privat d'Anglemont. É, no entanto, é uma obra única e bem carioca, e não surpreende que tenha se transformado num clássico, enquanto os seus congêneres estrangeiros caíram no esquecimento, mesmo nos seus países de origem.
            O que mais nos espanta nessa obra singular (talvez a mais interessante até hoje escrita sobre a cidade do Rio de Janeiro e sua população), mais ainda do que o brilhantismo do estilo, é a sua homogeneidade, ainda mais quando sabemos que é uma antologia de textos publicados anteriormente pelo autor entre 1904 e 1907 no jornal A Gazeta de Notícias e na revista Kosmos. No entanto, tudo flui tão naturalmente que temos a ilusão de estar lendo um livro escrito de um fôlego só.
            Dividido em cinco partes, A alma encantadora das ruas inclui, na abertura e encerramento, duas conferências proferidas pelo autor em 1905: A rua e A musa das ruas (anteriormente intitulada Modinhas e cantigas). Estão entre os textos mais burilados e profundos de João do Rio, e tornaram-se por assim dizer, exemplares sobre os assuntos que abordam. As outras três partes são compostas basicamente de reportagens, magníficos exemplos desse gênero, que o autor praticamente introduziu no jornalismo nacional. O que se vê nas ruas aborda as pequenas profissões dos biscateiros que perambulavam pelas ruas da cidade na virada do século: tatuadores, vendedores de livros e orações, músicos ambulantes, cocheiros, pintores de tabuletas de lojas comerciais e paisagens de parede de botequim; e também as festas populares da Missa do Galo, Dia de Reis e Carnaval. Dois desses textos (Visões d'ópio e Os cordões) extrapolam o gênero da reportagem e entram no da crônica. O mesmo podemos dizer de As mariposas do luxo, que abre a terceira parte, intitulada Três aspectos da miséria. Aqui aborda-se principalmente as condições de trabalho dos operários e a mendicância. As reportagens sobre o proletariado (Os trabalhadores da estiva e A fome negra) são pioneiras no assunto, e Antonio Cândido ( vide Radicais de ocasião in Teresina, 1980) ressaltou nelas a abordagem corajosa que nenhum outro autor da virada do século (nem mesmo os auto-proclamados progressistas e revolucionários) se atreveu a repetir. A quarta parte, Onde às vezes acaba a rua compõe-se de seis reportagens entre os presos da Casa de Detenção, que ainda hoje, mais de 90 depois, impressionam pela atualidade.
            Escrito durante o governo de Rodrigues Alves, A alma encantadora das ruas, talvez seja o livro mais conhecido de João do Rio. Em nenhum outro, a cidade aparece tão nitidamente, a ponto de dizermos que nele, a cidade é a protagonista da cena. E, mais importante, neste livro vemos o amadurecimento da linguagem de seu Autor, a ponto de dizermos que um estilo literário se estabiliza. Neste caso, a forma como o escritor capta e procura descrever a cidade, certamente representa aspecto fundamental para a compreensão deste amadurecimento estilístico. Em outras palavras, a cidade, em sua estrutura e em seus níveis de sociabilidade, influencia a criação de um novo estilo literário: o ritmo das crônicas ganha agilidade e variedade, a dicção se aproxima do prosaico para conservar o lirismo (um modo de realçar o que há de “encantador” nas ruas). Neste livro, vemos João do Rio como o escritor que, reunindo as qualidades do flâneur  e do dandy, se sente seduzido pelo mundo que as ruas lhe oferecem, onde nasce um tipo de sentimento inteiramente novo e arrebatador, que carece de compreensão e vivência: o mundo encantador das ruas.
Assim como o homem, a rua tem alma. Algumas dão para malandras, outras para austeras; umas são pretensiosas, outras riem aos transeuntes, e o destino nos conduz como conduz o homem, misteriosamente, fazendo-as nascer sob uma estrela ou sob um signo mal [...] Oh! Sim, as ruas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem histórias, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, “spleenéticas”, snobs, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes, que ficam sem um pingo de sangue (p. 45)
                O narrador nos dá a conhecer os segredos íntimos do espaço público, sua fauna exuberante, carente de identidade e sedenta por exposição. Ele nos descreve o lado elegante, cosmopolita, moderno da cidade, e ao mesmo tempo conhecemos seu submundo, suas misérias. A partir daí, conhecemos uma massa de dejetos que dava contornos nítidos à capital. João do Rio conheceu os dois lados, freqüentou-os, analisou-os e os descreveu com arte. Em sua obra estão as luxuosas ruas do comércio fino, do consumo fútil e das relações frívolas ao lado das vielas fétidas, dos corredores dos cortiços, do comércio baixo da prostituição. Assim, sua obra se tornou a melhor descrição de nossa modernização enviesada, justamente porque consegue aliar os dois momentos que o país vivia - a modernidade e o atraso -, captando seu movimento e sublinhando suas demarches: na obra de João do Rio, a contradição social está em sua forma decantada!
                A matéria de sua prosa marca o fascínio por temas e tipos cariocas, colhidos no momento de sua formação e que, nos dias de hoje, nos são tão familiares. Á medida em que sua prosa os misturava, misturava-se a eles, ou seja, o diletantismo incansável do flâneur, que se movia de um lado para outro notando o burburinho das ruas, se torna um quesito formal: o narrador não se fixa em nenhuma das partes que seccionam a cidade, mas no movimento entre elas.  Há neste interesse do narrador pela intimidade das ruas, algo que nos revela sua intimidade: uma intimidade cambiante, uma intimidade fora de sua pessoa, mas não fora de sua identidade. Daí talvez, seu lirismo medido, enxuto, sua vira-volta sem fim - marcas de estilo. O narrador vai de um lado a outro da cidade, num movimento solto e desimpedido; seu verdadeiro amor é pela experiência vívida que só as ruas lhe podem oferecer.
Para compreender a psicologia das ruas não basta gozar as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs, e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso aquele que chamamos flâneur e praticar o mais interessante dos esportes - a arte de flanar. [...] Aí está o verbo universal sem entrada nos dicionários, que não pertence a nenhuma língua!
                Os títulos mapeiam a cidade como um todo, a partir deles tomamos a cidade inteira nas mãos, neles estão a medição sensível e atenta da cidade: “Pequenas profissões”, “Os tatuadores”, “Os mercados de livros e a leitura das ruas”, “Tabuletas”, “Músicos ambulantes”, “Visões d’ópio”, “As mariposas do luxo”, “Os trabalhadores de estiva”, “Crimes de Amor”, “A galeria superior” etc. Para compreender melhor a variedade, a heterogenia, a multiplicidade de contextos que brotam da realidade da cidade, destacamos pequenos fragmentos:

                “Os tatuadores”: “As meretrizes e os criminosos nesse meio de becos e de facadas têm indeléveis idéias de perversidade e de amor. Um corpo desses nu, é um estudo social.”

                “Os trabalhadores da estiva”: “Eu via, porém, essas fisionomias resignadas à luz do sol e elas me impressionavam de maneira bem diversa. Homens de excessivo desenvolvimento muscular, eram todos pálidos - de um pálido embaciado como se lhes tivessem pregado à epiderme um papel amarelo e, assim encolhidos, com as mão nos bolsos pareciam um baixo-relevo de desilusão, uma frisa de angústia.”

                 “Fome negra”: [...] uma gente que servia às descargas de carvão e minério. Seres embrutecidos, apanhados a dedo, incapazes de ter idéias. [...] Uma vez apanhados pelo mecanismo de aço, ferros e carne humana, uma vez utensílio apropriado ao andamento da máquina, tornam-se autômatos com a teimosia de objetos movidos à vapor. Não têm nervos, têm molas; não têm cérebros, têm músculos hipertrofiados. [...] Os seus conhecimentos reduzem-se à marreta, à pá, ao dinheiro que a pá levanta para o bem-estar dos capitalistas poderosos, o dinheiro, que os recurva em esforços desesperados, lavados de suor para que os patrões tenham carros e bem-estar”.

                “Urubus”: “- Os agenciadores de coroas levantam-se de madrugada e compram todos os jornais para ver quais os homens importantes falecidos na véspera. Defunto pobre não precisa de luxo, e coroa é luxo.” 
                Esses fragmentos de crônicas, e outros, são na verdade convites para acompanhar o Autor em suas perambulações pelas ruas do Rio de Janeiro, são convites à “flanar” juntamente com ele, através de seu estilo, por sua visão de mundo. Um passeio poético pela “decadência exuberante” da capital da República. Um passeio também pela variação estilística que o Autor dispõe: ora a crônica pura, ora a dramatização de situações, ora o ensaio, ora o panfletarismo, ora a poesia, ora a crítica, ora a condescendência, ora o deslumbre, ora o enfastio, etc.
              Convidado a “flanar” com o narrador, o leitor penetra nos fragmentos da cidade, cuja alma configura um mosaico irredutível e imiscível, no qual o tipo urbano não é um simples produto de sua variedade mas a essência que a constitui. O que intriga ainda hoje ao ler estas páginas, não é perceber a acuidade de seu Autor, o modo como capta certas particularidades do momento histórico que o inspirou, mas perceber que tais particularidades são transformadas em linguagem literária, em estilo de escrita - traço que garante o prestígio de João do Rio.


Postado Por 
Vera Lucia Costalonga Lopes 
Graduada em Letras /Português / Inglês pela UNIoeste – de Presidente Prudente /SP 
Pedagogia/supervisão / administração / coordenação pela Fafiprev  de Venceslau-SP

 Especialista em Docência do Ensino Superior - Pós-Graduada Pela Unipan de Cascavel-PR  

Vidas Secas, de Graciliano Ramos


Hoje vamos falar de Vidas Secas. A obra literária de Graciliano Ramos está na lista dos livros obrigatórios do vestibular da Fuvest e Unicamp 2013



Vidas Secas, de Graciliano Ramos, retrata as condições de miséria e as dificuldades

Vidas Secas, de Graciliano Ramos, retrata as condições de miséria e as dificuldades enfrentadas por Fabiano e sua família durante o período da seca, em uma representação fiel da grande maioria dos camponeses e nordestinos do Brasil.

Escrita em 1938, Vidas Secas narra a história de uma típica família de nordestinos, sobreviventes das secas. Ambientada no semi-árido do nordeste brasileiro, o livro conta apenas um dos ciclos de peregrinação da obra dividido em 13 capítulos, iniciando com a “Mudança” e terminado com a “Fuga” – o que deixa no leitor a sensação de que as mesmas dificuldades enfrentadas durante o livro ainda se repetirão diversas vezes em sua jornada.

O enredo de Vidas Secas

Fabiano e sua família, moradores do sertão nordestino, fogem da seca em busca de uma vida melhor.

Os personagens de Vidas Secas

Fabiano:
 nordestino, pai de família e pobre. É um homem de poucas palavras e sem nenhuma instrução. Tenta fazer o melhor por sua família, mas volta e meia se compara aos bichos com os quais convive.
Sinhá Vitória: mulher de Fabiano, mulher trabalhadora que só quer ter a oportunidade de dar uma vida melhor aos filhos. Ama e acompanha o marido por onde quer que ele vá.
Filho mais velho: é uma criança sofrida, que acompanha os pais em suas andanças. A única amiga que possui é a cachorra baleia, e seu vocabulário é tão curto quanto o do um papagaio da família, mas ainda assim é um garoto curioso.
Filho mais novo: tem em seu pai um ídolo, deseja ser como ele e realizar grandes feitos.
Baleia: a cachorra companheira de todas as horas, em muitos momentos, comparada a um ser humano, é sacrificada por Fabiano, por acreditar que ela esteja infectada com raiva.

Síntese de Vidas Secas
Para fugir da seca, Fabiano e a família partem rumo ao sul, acompanhados por Baleia e pelo papagaio, que é sacrificado para virar refeição. Após muito tempo de caminhada, encontram uma fazenda abandonada onde decidem se instalar.

Neste ponto, Fabiano começa a sonhar com uma vida melhor, ser um fazendeiro, dar uma vida melhor aos seus filhos, eis que chega o dono das terras exigindo o que é seu por direito, e oferece a Fabiano um emprego de caseiro na fazenda, que faz com que ele se sinta um bicho novamente.

O período em que passam por lá é bom e começa um período de auto-descoberta para Fabiano. No entanto, com a chegada de uma nova estação de secas, a família decide que aquele lugar não mais será o seu lar, e partem em nova peregrinação.

Desenvolvimento da obra Vidas Secas
Durante sua peregrinação, Fabiano finalmente se dá conta de como o mundo é injusto e de que as pessoas de classes sociais diferentes podem machucá-lo, humilhá-lo e roubá-lo porque assim o querem. Sua pobreza e falta de instrução faz com que a distância que separa a ele e sua família das outras pessoas aumente cada dia mais, tornando-os cada vez mais “bichos” e menos “gente”. Ao final, quando ele decide mais uma vez se mudar e fugir da seca, começa a sonhar novamente com uma vida melhor para a esposa e para os filhos.

Problemática da obra Vidas Secas
Demonstrar a pobreza excessiva, a miséria e as dificuldades pelas quais passam os sertanejos nordestinos.

Clímax da obra Vidas Secas
Sem dúvida, o clímax está no capítulo 10, no qual Fabiano se descobre enganado e roubado por seu patrão. Após todas as humilhações sofridas por ele e sua família, ainda percebe como foi enganado por alguém que julgou confiar. Quem percebe o “erro” na contas é Sinhá Vitória, e este momento é tão decisivo quanto a seca que se aproxima para que decidam abandonar tudo outra vez e começar uma nova peregrinação.

Desfecho da obra Vidas Secas
O livro termina com o começo de uma nova peregrinação, em busca de novos sonhos, novas terras e novas oportunidades. Um retrato triste, porém fiel da vida dos retirantes, sempre errantes, sempre fugindo das secas.

A linguagem de Vidas Secas
A linguagem é marcada por frases curtas, palavras simples, que remetem à secura do sertão. Tal qual a terra e o cenário, duro e sem vida, são os diálogos, quase inexistentes entre os personagens.

O espaço/tempo em Vidas Secas
A obra é ambientada no Sertão Nordestino, e o tempo utilizado em sua contextualização é mais psicológico do que cronológico, não havendo referências ao ano exato no qual se encontra.

Narrador e foco narrativo de Vidas Secas
Graciliano Ramos utilizou o recurso narrativo em terceira pessoa intercalando-o com o discurso indireto livre, na qual falas das personagens se misturam com as do narrador.

Contexto histórico de Vidas Secas
O livro Vidas Secas foi escrito em 1938, menos de dez anos após a Crise de 1929, em uma época em que os efeitos ainda podiam ser notados. Levando a população a temer seus efeitos em longo prazo. Neste sentido, o autor buscava denunciar as condições de miséria na qual se encontrava a grande maioria dos nordestinos.

Escola literária de Vidas Secas
Neorealismo

Sobre o autor de Vidas Secas

Graciliano Ramos nasceu em 1982, na cidade de Quebrangulo, Alagoas. Foi um importante romancista, jornalista, político e cronista do século 20 merecendo destaque por obras que denunciavam a situação de miséria vivida por grande parte dos nordestinos. Entre os livros mais conhecidos estão Caetés, Memórias do Cárcere e Viventes de Alagoas. Morreu em 1953, na cidade do Rio de Janeiro.

Outras fontes
Vidas Secas (filme), 1963, Brasil. Com direção de Nelson Pereira dos Santos.

Profª Vera Melo

Til, de José de Alencar


Hoje vamos falar de Til. A obra literária escrita por José de Alencar está na lista dos livros obrigatórios do vestibular da Fuvest e Unicamp 2013



Til pertence à fase regionalista de José de Alencar
ATENÇÃO: As informações contidas neste artigo foram tiradas de professores de literatura do cursinho Oficina do Estudante. 
Segredos antigos, desencontros amorosos e renúncias são marcas do romance regionalistaTil, de José de Alencar. A obra mostra o cotidiano de uma fazenda paulista do século XIX.

Escrita em 1872 por José de Alencar, Til pertence à fase regionalista do autor. Na obra, são retratados os costumes, a linguagem e a vida rural da época abordando a inocência, o amor, a fragilidade, a idealização da natureza e a subjetividade.


O enredo de Til

Em um passeio pela fazenda, Berta - jovem pequena, esbelta - e Miguel - alto, ágil e robusto - encontram Jão Fera, com fama de bandido. Após um desentendimento entre eles, Jão vai embora a pedido da menina. Os dois amigos vão ao encontro de Linda e Afonso, irmãos gêmeos e filhos de Luís Galvão, homem inteligente, e de Ermelinda. Linda ama Miguel, mas Berta e Miguel já se amam. Contudo, para não ver o sofrimento da amiga, Berta faz de tudo para que Miguel fique com Linda.

Todos gostavam muito de Berta - apelidada de Til -, pois era alegre e de bom coração. Num outro trecho da obra, ela visita constantemente Zana, uma mulher com problemas mentais. Brás, menino de 15 anos, também com problemas mentais tentar matar Zana por sentir ciúme de Berta, mas não consegue.

A história é marcada por tentativas de assassinatos. Pelo assassinato de Aguiar, seu filho oferecera uma recompensa a quem matar o assassino Jão Fera. Já o personagem Barroso e seu bando planejam provocar um incêndio na casa de Luis Galvão para matá-lo e, depois, apagando o incêndio Barroso pretende oferecer seus serviços à viúva e conquistá-la, vingando assim a traição do passado, pois ficaria com a esposa daquele que manchara a honra de sua esposa Besita.

Ribeiro que trocara seu nome para Barroso tinha agora uma irrupção no rosto, Jão e Ribeiro tinham-se visto poucas vezes na época de Besita, por isso não se reconheceram quando se encontraram.

À noite João, Gonçalo, o pajem Faustino e Monjolo, trancam a senzala e ateiam fogo no canavial, Luis tenta apagar o fogo e é agredido pelas costas por Gonçalo, mas Jão o salva, e mata os três bandidos. Barroso foge e, conforme o combinado, Jão se entrega ao filho de Aguiar, diz que irá pra onde ele quiser desde que ninguém toque nele, pois se isso acontecer este desfeito o acordo e ele estará livre novamente. Os capangas tentam amarrá-lo, ele espanca todos e vai embora. Barroso que ficara sabendo dessa prisão volta para tentar matar Berta, Jão que estava solto novamente consegue pegá-lo e o mata de forma violenta.

Brás que presenciara tudo leva Berta pra ver a cena, mas ela foge horrorizada, enquanto Jão se entrega a policia. Luís resolve contar tudo a esposa, ela chora e decide que ele deve reconhecer Berta como filha. Eles contam tudo a Berta, omitindo, porém as circunstâncias desagradáveis, Berta sente que estão escondendo algo.

Jão foge da prisão e procura Berta, ela o faz prometer que nunca mais matará ninguém. Ele fala de Besita sua mãe e ela lhe implora que conte tudo. Ele assim o faz, revelando que Besita casou-se com Ribeiro que desapareceu logo depois do casamento. Alguns meses depois, Besita é avisada por Zana que seu marido chegara. Como era noite, no escuro ela se entrega às caricias do marido, e depois descobre que não era ele e, sim, Luís Galvão. Jão pensa em matá-lo por isso, mas ela o impede. Meses depois Luís casa-se com D. Ermelinda e nasce Berta, filha de Besita.

Um dia Besita pede a Jão que vá comprar coisas para o bebê. Durante sua ausência, aparece Ribeiro, que a acusa de traição e a estrangula. Neste momento, Jão chega e consegue salvar Berta, mas Ribeiro foge.

Luís quer que Berta vá morar com ele e sua família em São Paulo, mas ela se nega e pede que leve Miguel que ama Linda. Miguel tenta convencê-la a ir junto, mas ela recusa, ficando no interior.


Os personagens de Til

A principal personagem da obra é Berta, que recebeu o apelido de Til, pois quando aprendeu a ler achava o acento til gracioso. Miguel é um rapaz robusto e apaixonado por Berta. Jão Fera tem fama de bandido, mas é o personagem que salva Berta e Luis Galvão, dono da fazenda em que a história é ambientada.


Síntese de Viagens Til

Til é uma narrativa que envolve os personagens Berta, Miguel, Linda e Afonso. Eles são adolescentes despreocupados. Regionalista, a obra supervaloriza o interior do Brasil e da vida bucólica. Til é o apelido de Berta, a heroína capaz de imensos sacrifícios por um ideal.


Desenvolvimento da obra Til

A história se desenvolve na fazenda no interior de São Paulo em meio a uma história de amor e descobertas sobre o passado de Berta.


Problemática da obra Til

A filha de Besita é fruto de uma noite de amor com Luís Galvão, imaginando que ele é seu marido que voltara de viagem.


Clímax da obra Til

Quando Jão Fera revela o segredo sobre a mãe de Berta.


Desfecho da obra Til

Luís e a família se mudam para São Paulo, enquanto Berta fica no interior do estado.


A linguagem de Til

Regionalista.


O espaço/tempo em Til

A história se passa no interior paulista, em uma fazenda do século XIX.


Narrador e foco narrativo de Til

Obra narrada em terceira pessoa.


Contexto histórico de Til

No ano de publicação da obra, o Brasil estava às voltas com a aprovação da Lei do Ventre Livre, que garantia a liberdade a filhos de escravos nascidos no Brasil.


Sobre o autor de Til

José de Alencar nasceu em 1° de maio de 1829, em Mecejana, no Ceará, e faleceu dia 12 de dezembro de 1877, no Rio de Janeiro. Formou-se advogado escreveu para jornais da época. Foi eleito deputado federal pelo Ceará e Ministro da Justiça. Alencar escreveu romances indianistas, urbanos, regionais, históricos, obras teatrais, poesias, crônicas, romances-poemas de natureza lendária e escritos políticos. Sua principal obra é Iracema.



Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade


Hoje vamos falar da obra Sentimento do Mundo. A obra literária escrita por Carlos Drummond de Andrade está na lista dos livros obrigatórios do vestibular da Fuvest e Unicamp 2013.



Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade, conta com poesias que refletem os problemas do mundo

Sentimento do Mundo”, de Carlos Drummond de Andrade, conta com poesias que refletem os problemas do mundo, do ser humano diante dos regimes totalitários das guerras mundiais e do Estado Novo.


A obra é o terceiro trabalho poético de Drummond. Foi publicada pela primeira vez em 1940. “Sentimento do Mundo” são 28 poemas no total, produzidos entre os anos de 1935 e 1940.

O enredo de Sentimento do Mundo

O enredo de “Sentimento do Mundo” apresenta a visão critica, pessimista e política do autor sobre o mundo à sua volta e os homens em geral.

Os personagens de Sentimento do Mundo

Não há.

Síntese de Sentimento do Mundo

Este livro é o terceiro trabalho poético de Carlos Drummond de Andrade. Os poemas - 28 no total - foram produzidos entre 1935 e 1940, quando as consequências das duas grandes guerras mundiais e o Estado Novo de Getúlio Vargas atormentavam Drummond.

Desenvolvimento da obra Sentimento do Mundo

Por fazer parte da poesia moderna e ter versos livres, sem rimas e livre de qualquer forma pré-estabelecida, os poemas de Sentimento do Mundo possuem uma grande variação que favorece o ritmo e o desenvolvimento da obra como um todo.

Problemática da obra Sentimento do Mundo

Sentimento do Mundo faz uma crítica aos tempos de guerras (evidenciados com os movimentos da Guerra Civil Espanhola, Segunda Guerra Mundial, Estado Novo de Getúlio Vargas, Fascismo e Nazismo) e sobre o poder de destruição do homem.

Clímax da obra Sentimento do Mundo

O clímax da obra está logo no começo primeiro poema intitulado Sentimento do Mundo, que resume bem toda a ideia e a visão que o autor expõe ao longo de toda a obra.

Desfecho da obra Sentimento do Mundo

A obra termina com o melancólico poema "Noturno à Janela do Apartamento", que metaforiza, em versos conclusivos, a vida como uma corrente sanguínea. O autor nos põe diretamente em contato com sua filosofia de vida, dissertando sobre o sentido da existência:

"A soma da vida é nula.
Mas a vida tem tal poder:
na escuridão absoluta,
como líquido, circula."

A linguagem de Sentimento do Mundo

A obra O Sentimento do Mundo apresenta uma linguagem coloquial, simplicidade vocabular, versos brancos e livres, frases nominais, ou seja, sem verbos, emprego da metalinguagem e ruptura com as formas tradicionais da poesia do passado.

O espaço/tempo em Sentimento do Mundo

Os poemas de O Sentimento do Mundo fazem menção ao Brasil dos anos 40 e são apresentados em dois tempos: o tempo psicológico, que remete às impressões subjetivas do autor, e o tempo cronológico presente em passagens como "quando me levantar" e "eu mesmo estarei morto”.

Narrador e foco narrativo de Sentimento do Mundo

Alguns poemas de O Sentimento do Mundo são conduzidos em primeira pessoa. Já outros estão na terceira pessoa.

Contexto histórico de Sentimento do Mundo

Publicado em 1940, o livro O Sentimento do Mundo coincide com o período histórico-social da Guerra Civil Espanhola, da Segunda Guerra Mundial, do Estado Novo de Getúlio Vargas e com o crescimento do fascismo e do nazismo.

Escola literária de Sentimento do Mundo

A obra está inserida na segunda fase do Modernismo, no chamado Pós-Modernismo.

Sobre o autor de Sentimento do Mundo

Carlos Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira, em Minas Gerais, no ano de 1902. Após terminar os estudos em sua terra natal e em Belo Horizonte, Drummond foi interno no Colégio Anchieta, de Friburgo, em 1918. Mas foi expulso no ano seguinte, devido a um incidente com o professor de português.

Em Itabira, apesar de formado em farmácia, Drummond vivia dando aulas de Português e Geografia. Tornou-se funcionário público em 1929, e, em 1934, o cargo no Ministério da Educação transferiu-o para o Rio de Janeiro. Em 1945, foi co-editor do jornal comunista “Tribuna Popular”, a convite de Luís Carlos Prestes. A partir da década de 50, dedicou-se apenas à literatura, tornando-se o primeiro grande poeta do movimento pós- modernista e um dos mais importantes poetas brasileiros. Além de intensificar a produção de crônicas, fez também traduções. Carlos Drummond morreu no Rio de Janeiro em 1987.

Profª  Vera Melo




O Cortiço, de Aluísio Azevedo


Hoje vamos falar da obra O Cortiço. A obra literária escrita por Aluísio Azevedo está na lista dos livros obrigatórios do vestibular da Fuvest e Unicamp 2013


(Crédito: Reprodução)
(Crédito: Reprodução)
O Cortiço é uma obra naturalista sobre um português que constrói um cortiço

O Cortiço é uma obra naturalista sobre um português que constrói um cortiço a partir do dinheiro de seu trabalho e de uma escrava com quem se relaciona.


Escrita por Aluísio Azevedo, a obra tem como temas a ambição e a exploração do homem pelo próprio homem. De um lado está João Romão que aspira à riqueza e Miranda, já rico, que aspira à nobreza. Do outro, os pobres, caracterizados como um conjunto de animais movidos pelo instinto e pela fome.


O enredo de O Cortiço

João Romão, português ganancioso, compra um estabelecimento comercial no subúrbio do Rio de Janeiro com o dinheiro de seu trabalho. Tem como vizinha Bertoleza, uma escrava que trabalha para comprar sua alforria.

João Romão inicia uma relação amorosa com a escrava e passa a cuidar do dinheiro dela. Assim, começa a criar seus negócios que, com o tempo, crescem e permitem que ele construa um cortiço.

Ao lado de João Romão, vive o burguês Miranda, dono de um sobrado (que representa a burguesia, em detrimento das humildes construções do Cortiço), com a família. Ambos brigam por causa de terras, tornando-se inimigos.

Dentre os moradores do cortiço, está Rita Baiana, mulata sensual amante de um capoeirista, Firmo. Muda-se para lá um casal de portugueses, Jerônimo e Piedade, com a filha. O português é o símbolo da moral e da ética, no entanto, não resiste aos encantos da mulata, até abandonar a família, deixar de trabalhar e se entregar à bebida.

Vive por lá também Pombinha, adolescente pura e com estudo, que representa a esperança para a mãe, que planeja um bom casamento para ela. O que dificulta os planos da mãe é a demora de a filha “tornar-se mulher”. Assim, ela aguarda ansiosa pela primeira menstruação da menina para marcar o casamento. No entanto, a filha também se torna promíscua. Após uma relação homossexual com a madrinha, Pombinha menstrua e pode casar. Ela casa, mas abandona o marido para virar prostituta.

Assim, João Romão ascende socialmente, inclusive casando-se com a Filha de Miranda, e o cortiço também, pois é reconstruído com moradias bem melhores. Para casar-se, entrega Bertoleza ao seu antigo dono, e esta acaba se suicidando na mesma data em que João Romão recebe homenagem pelos abolicionistas.


Os personagens de O Cortiço

João Romão (dono do cortiço, representa o capitalista explorador), Bertoleza (quitandeira, escrava que mora com João Romão), Miranda (comerciante português, opositor de João Romão), Jerônimo (português, trabalha na pedreira de João Romão), Rita Baiana (mulata sensual que promove pagodes no cortiço), Piedade (portuguesa casada cm Jerônimo) e Capoeira (mulato e companheiro que se envolve com Rita Baiana).


Síntese de O Cortiço

Maior expressão do Naturalismo no Brasil, O Cortiço conta a história de João Romão, português ganancioso, que compra um comércio no subúrbio do Rio de Janeiro. Bertoleza, escrava que trabalha para comprar sua alforria, se envolve com João. Ele passa a cuidar, então, do dinheiro dela e constrói um cortiço.

O negócio dá certo e novos cubículos se vão amontoando na propriedade do português. Na história, surgem personagens como Pombinha, moça franzina que se desencaminha por influenciadas más companhias; Rita Baiana, mulata sensual que andava amigada na ocasião com Firmo, malandro valentão; Jerônimo e sua mulher, e outros mais.


Desenvolvimento da obra O Cortiço

A história se desenvolve a partir de personagens que frequentam o cortiço, como Pombinha que era virgem e tornou-se prostituta depois de casar.


Problemática da obra O Cortiço

João Romão ascende socialmente e devolve Bertoleza, escrava com quem se relacionava, ao antigo dono.


Clímax da obra O Cortiço

Quando João Romão se casa com a filha de Miranda e devolve Bertoleza ao antigo dono.


Desfecho da obra O Cortiço

Após a ascensão social de João Romão, ele devolve Bertoleza ao antigo dono. Ela se mata.


A linguagem de O Cortiço

Metafórica e popular


O espaço/tempo em O Cortiço

O cenário é descrito com ambiente e os caracteres em toda a sua sujeira, podridão e promiscuidade, com uma intenção crítica. A história se passa no Rio de Janeiro, no século XIX.


Narrador e foco narrativo de O Cortiço

Narrado em terceira pessoa. O Cortiço tem um narrador onisciente que se situa fora do mundo descrito.


Contexto histórico de O Cortiço

O romance é um recorte sociológico representando as relações entre o elemento português, que explora o Brasil em sua ânsia de enriquecimento, e o elemento brasileiro, apresentado como inferior e vilmente explorado pelo português.

A obra revela a aceitação de ideias filosóficas e científicas do tempo. Trata-se de uma tese determinista de Aluísio. Mostra como o homem é suscetível a forças maiores do que ele: o seu meio social, a sua raça e o seu momento histórico.

Além do determinismo, também influenciou os naturalistas a obra de Darwin “A Origem das Espécies” - bastante polêmica para a época e dela surgiram inúmeras releituras e interpretações dos estudos nela contidos.

Em relação ao Naturalismo, ela toma forma pela teoria da evolução por meio da seleção natural. Além disso, os estudos de Darwin foram polêmicos por abordarem o homem como animal.


Escola literária de O Cortiço

Naturalismo


Sobre o autor de O Cortiço

Aluísio Azevedo nasceu em São Luís, no Maranhão, e era filho do diplomata David Gonçalves de Azevedo e irmão do dramaturgo Artur Azevedo. Aos 17 anos, viajou para o Rio de Janeiro, a convite do irmão, para estudar na Academia Imperial de Belas-Artes (ou Escola Nacional de Belas Artes, como é hoje conhecida). Logo se estabeleceu no Rio, passou a colaborar com caricaturas e poesias em jornais e revistas.

Para ganhar a vida como escritor, dedicou-se a dois tipos de literatura: a primeira, escrita para ganhar o público geral e vender bem, tem início a partir da publicação de Uma Lágrima de Mulher (1880); a segunda, como ideal literário e forma de expressar sua visão de mundo, que o tornou célebre até os nossos dias como naturalista, tem início com a publicação de O mulato (1881).

Outras fontes: Filme O Cortiço dirigido por Luís de Barros (1978)

Postado Por 
Vera Lucia Costalonga Lopes 
Graduada em Letras /Português / Inglês pela UNIoeste – de Presidente Prudente /SP 
Pedagogia/supervisão / administração / coordenação pela Fafiprev  de Venceslau-SP
 Especialista em Docência do Ensino Superior - Pós-Graduada Pela Unipan de Cascavel-PR  


Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis


Hoje vamos falar da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas. A obra literária escrita por Machado de Assis está na lista dos livros obrigatórios do vestibular da Fuvest e Unicamp 2013


(Crédito: Reprodução)
(Crédito: Reprodução)
Memórias Póstumas de Brás Cubas tem como tema as experiências de um filho abastado da elite brasileira do século XIX

Escrito em 1881 por Machado de Assis,Memórias Póstumas de Brás Cubas tem como tema as experiências de Brás Cubas, um filho abastado da elite brasileira do século XIX, que narra as suas memórias depois de morto.


O enredo de Memórias Póstumas de Brás Cubas
O enredo da obra começa com o enterro de Brás Cubas, um filho abastado da elite do Rio de Janeiro do século XIX. Seu "fantasma", então, resolve fazer uma retrospectiva dos episódios que marcaram sua vida: o nascimento, a infância, os romances, as desilusões e a morte.

Apesar de seguir ordem cronológica, desde o nascimento até sua morte, Brás inicia seu relato com seus últimos momentos, para só depois contar a sua biografia.


Os personagens de Memórias Póstumas de Brás Cubas

Brás Cubas: é o filho abastado da família Cubas e o narrador do livro. Conta suas memórias, escritas após a morte. Por isso, é o responsável pela caracterização de todos os demais personagens. Peralta quando criança, mimado pelo pai, irresponsável quando adolescente, tornou-se um homem egoísta.
Marcela: primeiro amor de Brás Cubas é uma prostituta de elite. Mulher sensual, mentirosa e ambiciosa, ganha muitas jóias do então adolescente Brás Cubas. Contrai varíola e fica feia.
Virgília: filha de político é o segundo amor de Brás Cubas. Mulher bonita, ambiciosa que parece gostar sinceramente de Brás Cubas, mas não se revela disposta a romper com sua posição social ou dispensar o conforto e o reconhecimento da sociedade.
Eugênia: é filha de Eusébia e Vilaça, casal que Brás Cubas flagrou, quando criança, namorando atrás de uma moita. Por isso, é chamada de a “flor da moita” pelo protagonista. É uma moça séria, tranquila, dotada de olhos negros e olhar franco.
Nhã Loló: última possibilidade de casamento para Brás Cubas, moça simples, que morre de febre amarela aos 19 anos.
Lobo Neves: casa-se com Virgília e tem uma carreira política sólida. No entanto, sofre o adultério da esposa com Brás Cubas. É um homem frio, calculista, ambicioso e muito supersticioso.
Quincas Borba: amigo de infância de Brás Cubas, desde criança tinha um temperamento ativo e exaltado. Quando adulto passa pelo estado de mendigo, evoluindo depois para filósofo. Desenvolve um sistema filosófico, denominado Humanitismo, que pretende superar e suprimir todos os demais sistemas até se tornar uma religião.
Dona Plácida: empregada de Virgília é confidente e protetora de sua relação extraconjugal.
Nhonhô: filho de Virgília
Sabina: é irmã de Brás Cubas e valoriza mais a posição social do que a amizade e os laços de parentesco.
Cotrin: marido de Sabina é interesseiro e um cruel traficante de escravos.


Síntese de Memórias Póstumas de Brás Cubas

A obra é a autobiografia de Brás Cubas, personagem que, depois de morto, resolve escrever suas memórias, na condição de "defunto-autor", que lhe permite analisar com ironia o comportamento humano e avaliar com auto-ironia as suas próprias atitudes.

Brás Cubas revela e analisa não só os motivos secretos de seu próprio comportamento, mas também expõe as hipocrisias e vaidades das pessoas com quem conviveu.


Desenvolvimento da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas

“Memórias Póstumas de Brás Cubas” possui um desenvolvimento lento e flui seguindo o ritmo dos pensamentos do narrador. O livro começa com o relato dos últimos momentos de Brás e só depois passa a contar a sua biografia em uma ordem cronológica, desde o nascimento até sua morte.


Problemática da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas

Com Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis faz uma critica a sociedade brasileira do segundo reinado. O personagem-narrador expõe o comportamento da classe privilegiada, marcada pela hipocrisia social e pelo interesse.


Clímax da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas

O clímax do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” se dá quando Brás Cubas percebeu que a Virgínia só o "amou" enquanto durou o dinheiro dele. Foi quando ele percebeu que a sociedade é interesseira e egoísta, como também ele próprio era.


Desfecho da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas

A obra termina com um capítulo só de negativas. Brás Cubas não se casa, não consegue concluir o emplasto - medicamento que deseja criar para aliviar a melancólica humanidade -, acaba se tornando deputado, mas seu desempenho é medíocre, e não tem filhos para não transmitir, segundo ele, o legado da nossa miséria.


A linguagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas

Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis usa a metalinguagem para convidar o leitor a refletir e a interagir criticamente com a obra. Além disso, em diversos momentos, faz o uso da digressão, interrompendo o fluxo narrativo com reflexões e analogias criadas pela mente do narrador.


O espaço/tempo em Memórias Póstumas de Brás Cubas

A história da obra se passa no Brasil durante o século XIX, e é apoiada em dois tempos. Um é o tempo psicológico, do autor além-túmulo que pode contar sua vida de maneira arbitrária, com digressões e manipulando os fatos à revelia, sem seguir uma ordem temporal linear. A morte, por exemplo, é contada antes do nascimento e dos fatos da vida.

O outro é o tempo cronológico, onde os acontecimentos obedecem a uma ordem lógica: infância, adolescência, ida para Coimbra, volta ao Brasil e morte.

A estranheza da obra começa pelo título, que sugere as memórias narradas por um defunto. O próprio narrador, no início do livro, ressalta sua condição: trata-se de um defunto-autor, e não de um autor defunto. Isso consiste em afirmar seus méritos não como os de um grande escritor que morreu, mas de um morto que é capaz de escrever.


Narrador e foco narrativo de Memórias Póstumas de Brás Cubas

A narração é feita em primeira pessoa possibilitando que a história seja contada pelo narrador-observador e protagonista, que conduz o leitor por meio de sua visão de mundo, seus sentimentos e o que pensa da vida.


Contexto histórico de Memórias Póstumas de Brás Cubas

A obra foi criada na segunda metade do século XIX, época em que o capitalismo estava se expandindo e as pessoas ficando cada vez mais materialistas e interesseiras.


Escola literária de Memórias Póstumas de Brás Cubas

Com Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis inaugura o Realismo na literatura brasileira. A obra é a principal representante dessa escola literária, que surgiu na segunda metade do século XIX, com objetivo de retratar a realidade social e os principais problemas e conflitos do ser humano.


Sobre o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro, e faleceu no dia 29 de setembro de 1908, em sua cidade natal. Mulato e pobre, foi vítima de preconceito, perdeu a mãe ainda na infância e foi criado pela madrasta. Superando todas as dificuldades da época tornou-se um grande escritor e um dos principais nomes da literatura brasileira. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Entre suas principais obras estão: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba” e “Dom Casmurro”.

Outras fontes: Filme "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de André Klotzel, lançado no ano de 2000.

Profª 
Vera Lucia Costalonga Lopes 
Graduada em Letras /Português / Inglês pela UNIoeste – de Presidente Prudente /SP 
Pedagogia/supervisão / administração / coordenação pela Fafiprev  de Venceslau-SP
 Especialista em Docência do Ensino Superior - Pós-Graduada Pela Unipan de Cascavel-PR  


“Memórias de um Sargento de Milícias”- Antônio Manuel de Almeida


Hoje vamos falar da obra Memórias de um Sargento de Milícias. A obra literária escrita por Antônio Manuel de Almeida está na lista dos livros obrigatórios do vestibular da Fuvest e Unicamp 2013


Memórias de um Sargento de Milícias é uma crítica ao já famoso jeitinho brasileiro

Escrita por Antônio Manuel de Almeida , “Memórias de um Sargento de Milícias” é uma crítica ao já famoso “jeitinho brasileiro”, a sociedade corrupta e aos favores e vantagens a que são forçados a conviver os cidadãos da sociedade carioca à época em que a Família Real Portuguesa se instalava no Brasil. O protagonista é um típico malandro carioca, mulherengo e que aproveita todas as oportunidades que lhe aparecem para tirar vantagens dos outros.




Publicada pela primeira vez entre os anos 1854 e 1855 em forma de folhetim, Memórias de um Sargento de Milícias não teve, de início, uma grande aceitação do público. O autor, sob o pseudônimo de “um brasileiro” só teve sua identidade revelada após o falecimento. A obra é uma crítica à classe dominante e ao “jeitinho brasileiro” de alcançar objetivos sem muitos esforços.


O enredo de Memórias de um Sargento de Milícias

A obra narra a história do carioca malandro filho de portugueses Leonardo desde o seu nascimento, passando por sua infância travessa, a juventude turbulenta e os meios nada convencionais utilizados por ele e sua madrinha para que consiga assumir o posto de sargento de milícias e tomar um rumo na vida.


Os personagens de Memórias de um Sargento de Milícias

Leonardo: protagonista, um típico anti-herói. É malandro, não possui uma conduta moral exemplar e não gosta de trabalho. Filho de Maria da Hortaliça e Leonardo Pataca, ele é abandonado pelos pais ainda criança e passa a ser criado pelos padrinhos, Compadre e Comadre.
Maria da Hortaliça: a portuguesa mãe de Leonardo fica grávida durante a travessia de navio para o Brasil, mora por algum tempo com o pai da criança, mas abandona o filho para voltar à Portugal com o capitão de um navio.
Leonardo Pataca: pai do protagonista. Conhece Maria da Hortaliça ainda no navio, mas descobre que a mulher o traía e a expulsa de casa. Depois do ocorrido, casa-se com a parteira, Chiquinha, com quem tem uma filha.
Compadre: barbeiro vizinho do casal que mora em frente à casa de Leonardo e Maria. Possui uma boa quantia de dinheiro que conseguiu ao desviar a herança de um capitão à sua sobrinha. É casado com a Comadre, e passam a cuidar do pequeno Leonardo após o abandono dos pais.
Comadre: é uma mulher bondosa que vive buscando livrar o afilhado das confusões que se metia.
D. Maria: amiga de comadre e compadre. É tia de Luisinha.
Luisinha: primeiro amor de Leonardo, sobrinha de D. Maria, é feia, pálida e desajeitada. Acaba por se tornar esposa de Leonardo.
Major Vidigal: é o policial e juiz do enredo.
Vidinha: uma mulata sensual e cantora de modinhas seduz Leonardo, que vive em sua casa por um tempo.
Chiquinha: casa-se com Leonardo Pataca.
Maria Regalada: Primeiro amor de Vidigal. É graças a ela que Leonardo consegue o posto de Sargento de Milícias.
José Manuel: rival no amor de Luisinha, José Manuel é um caça-dotes, uma crítica à aristocracia portuguesa.


Síntese de Memórias de um Sargento de Milícias

Leonardo, filho de Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça, é um garoto travesso desde criança, que cresce cercado de amor pelos padrinhos, mas que ainda assim não demonstra nenhuma vocação religiosa ou mesmo para o trabalho. Apesar de todas as oportunidades que a vida lhe proporcionou, Leonardo prefere aproveitar-se da influência de sua madrinha para alcançar seus objetivos sem ter que se esforçar para isso.


Desenvolvimento da obra Memórias de um Sargento de Milícias

Ao desembarcar no Brasil, após uma viagem de navio saída da cidade do Porto, em Portugal, Maria da Hortaliça começa a sentir os enjôos causados pelas “pisadelas e beliscões” com Leonardo Pataca. Desse relacionamento nasce Leonardo (filho), um garoto travesso e malandro desde criança.

Após ser abandonado pela mãe - que volta para Portugal -, e pelo pai que vai morar com uma cigana, Leonardinho passa a ser criado pelos padrinhos, que tentam, de todas as formas lhe dar uma boa educação e despertar no garoto alguma vocação religiosa, ou ao menos algum senso de responsabilidade. Leonardo se apaixona por Luisinha, uma garota pálida e desajeitada, que se casa com José Manuel, um caça-dotes.

Desiludido, Leonardo se envolve com Vidinha, uma mulata e animada, com quem vai morar. Graças a um dos primos de Vidinha, apaixonado pela moça, Leonardo vai preso, mas consegue fugir, deixando o delegado Vidigal a sua espera.

Nessa época, graças aos seus conhecimentos sobre a arte da malandragem, o rapaz se transformou em granadeiro, no entanto alertou um suspeito e foi preso por conta disso. Sua madrinha, novamente teve de interceder por sua soltura, mas como Vidigal permaneceu irredutível, a Comadre apelou à Maria Regalada, que aceitou o pedido do delegado e foi morar com ele. Em troca, Vidigal transformou Leonardo em Sargento. A essa altura do campeonato, José Manuel havia morrido e deixado Luisinha viúva, ao reencontrar com a moça, já refeita e formosa, Leonardo reascendeu a antiga paixão. Um último pedido a Vidigal, e o rapaz foi feito Sargento de Milícias para que pudesse se casar.


Problemática da obra Memórias de um Sargento de Milícias

A questão central da obra se propõe a demonstrar uma sociedade na qual quem pode tirar proveito de outras pessoas o faz sem hesitar.


Clímax da obra Memórias de um Sargento de Milícias

O clímax da obra certamente é o momento em que o virtuoso Vidigal se rende aos encantos de Maria Regalada e concede a soltura de Leonardo, promovendo-o a Sargento. Deste momento em diante, o protagonista parece, enfim, ter tomado um rumo em sua vida e passa a ser mais respeitado, culminado com o seu casamento com a doce Luisinha, agora viúva de José Manuel.


Desfecho da obra Memórias de um Sargento de Milícias

O casamento de Leonardo e Luisinha, que parecia algo impossível em virtude dos atos inconsequentes do protagonista, marca o desfecho final da obra.


A linguagem de Memórias de um Sargento de Milícias

A linguagem do livro é a mesma utilizada nas ruas do Rio de Janeiro na época em que a obra foi escrita. São utilizadas gírias e expressões deixando a linguagem coloquial.


O espaço/tempo em Memórias de um Sargento de Milícias

O livro retrata o período em que a Família Real Portuguesa se encontrava no Brasil, em algum ponto entre 1808 e 1822. As personagens estão ambientadas na cidade do Rio de Janeiro.


Narrador e foco narrativo de Memórias de um Sargento de Milícias

Narrado em terceira pessoa.


Contexto histórico de Memórias de um Sargento de Milícias

O período em que a Coroa Portuguesa se instalou no Brasil foi um momento crítico na nossa história, em virtude das mudanças sociais a que foram submetidas o povo brasileiro. O primeiro momento de descontentamento foi quando os moradores das melhores residências tiveram que abrir mão de suas moradias em detrimento da aristocracia portuguesa. Em seguida, os gastos exorbitantes da Família Real agravavam a crise econômica, a fome e a miséria na qual viviam os brasileiros. Esse sentimento de crítica permeia a obra toda, que passa “alfinetar” o comportamento do povo diante de tal situação: todos buscavam obter algum tipo de vantagem.


Escola literária de Memórias de um Sargento de Milícias

Romantismo.


Sobre o autor de Memórias de um Sargento de Milícias

Antônio Manuel de Almeida foi um médico e escritor brasileiro. Nascido em 1831, na cidade do Rio de Janeiro, Almeida teve uma infância pobre, que influenciou diretamente em sua obra, uma vez que àquela época, eram retratados nos romances românticos os salões e ambientes aristocráticos.

Outras fontes: Especial TV Globo Memórias de um Sargento de Milícias - 1995 - dirigido por Guel Arraes.

Profª 
Vera Lucia Costalonga Lopes 
Graduada em Letras /Português / Inglês pela UNIoeste – de Presidente Prudente /SP 
Pedagogia/supervisão / administração / coordenação pela Fafiprev  de Venceslau-SP
Especialista em Docência do Ensino Superior - Pós-Graduada Pela Unipan de Cascavel-PR