Você já percebeu que cada situação exige um determinado tipo de linguagem? Podemos dizer que cada mensagem contém uma intenção, assim como cada ambiente social exige um tipo de fala. Assim, o vocabulário que escolhemos ao nos comunicar tem uma função específica: de emocionar, de transmitir a realidade, de persuadir ou simplesmente de estabelecer um contato maior com o receptor.
Estamos falando das funções de linguagem, as quais são: referencial ou denotativa, emotiva ou expressiva, conativa ou apelativa, fática, metalinguística e poética.
Nesse momento, vamos nos ater a essa última função.
Função poética
A linguagem exerce função poética quando valoriza o texto na sua elaboração, ou seja, quando o autor faz uso de combinação de palavras, figuras de linguagem (metáfora, antítese, hipérbole, aliteração, etc.), exploração dos sentidos e sentimentos, expressão do chamado eu-lírico, dentre outros.
Assim, é mais comum em textos literários, especialmente nos poemas que enfatizam com mais frequência a subjetividade. No entanto, podemos encontrar esse tipo de função nos anúncios publicitários e na prosa, bem como aliada aos demais tipos de função, como a emotiva.
É muito comum a utilização de palavras no seu sentido conotativo (figurado) ao invés do denotativo (do dicionário).
Veja exemplos da função poética em:
Anúncio publicitário:
“Chegou o milagre azul para lavar!
Lave na espuma de Omo e tenha a roupa mais limpa do mundo!
Onde Omo cai, a sujeira sai!” (propaganda Omo, 1957)
Lave na espuma de Omo e tenha a roupa mais limpa do mundo!
Onde Omo cai, a sujeira sai!” (propaganda Omo, 1957)
Poema:
“...Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda...”
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda...”
(Fernando Pessoa, Poema em linha reta)
Função emotiva:
“De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.”
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.”
(Vinícius de Morais. Soneto da fidelidade)
Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não acontece somente quando falamos, estabelecemos um diálogo ou redigimos um texto, ela se faz presente em todos (ou quase todos) os momentos.
Comunicamo-nos com nossos colegas de trabalho, com o livro que lemos, com a revista, com os documentos que manuseamos, através de nossos gestos, ações, até mesmo através de um beijo de “boa-noite”.
É o que diz Bordenave quando se refere à comunicação:
No ato de comunicação, percebemos a existência de alguns elementos, são eles:A comunicação confunde-se com a própria vida. Temos tanta
consciência de que comunicamos como de que respiramos ou
andamos. Somente percebemos a sua essencial importância
quando, por acidente ou uma doença, perdemos a capacidade
de nos comunicar. (Bordenave, 1986. p.17-9)
a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas).
b) mensagem: é o contéudo (assunto) das informações que ora são transmitidas.
c) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário.
d) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.
e) código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá decodificar.
f) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
Partindo desses seis elementos, Roman Jakobson, linguista russo, elaborou estudos acerca das funções da linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções são:
1. Função referencial: referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado nos textos jornalísticos.
2. Função emotiva: através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor.
3. Função conativa: essa função procura organizar o texto de forma que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este ou aquele comportamento.
4.Função fática: a palavra fático significa “ruído, rumor”. Foi utilizada inicialmente para designar certas formas usadas para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência.
5. Função metalinguística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente, ocorre a função metalinguística.
6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários.
Essas funções não são exploradas isoladamente; de modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai, assim podemos identificar a finalidade principal do texto.
Profª
Vera Lucia Costalonga Lopes
Graduada em Letras /Português / Inglês pela Unioeste – de Presidente Prudente /SP
Pedagogia/supervisão / administração / coordenação pela Fafiprev de Venceslau-SP
Especialista em Docência do Ensino Superior - Pós-Graduada Pela Unipan de Cascavel-PR
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