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terça-feira, 17 de julho de 2012

Enredos Gabriela Cravo e Canela - Capitães da Areia - O País do Carnaval


Averdadeira Gabriela se chamava  Sonia Braga interprete de Gabriela
Maria

Enredos 

Gabriela Cravo e Canela

O livro inicia-se no ano de 1925. Naquele ano todos os fazendeiros estavam preocupados com a estação das chuvas, pois nunca havia chovido tanto. Meses depois, todos estavam preocupados com a seca, por isso começaram a aclamar por chuvas para o padroeiro São Sebastião e São Jorge. Até procissões foram feitas. Durante uma delas aconteceu o falado milagre e as chuvas começaram. Choveu tanto que ficou tudo inundado.
Os mais beneficiados com as chuvas foram os fazendeiros de cacau e café. Dentre eles estava o Coronel Manuel das Onças, que ia vender o seu produto ao Mundinho Falcão, que era um jovem carioca que veio para Ilhéus e lá enriquecera como exportador.
O Coronel fez três viagens e numa delas encontrou o cozinheiro Nacib Saad, dono do bar Vesúvio, que estava desesperado, pois havia perdido sua melhor cozinheira, Dona Filomena.
Gabriela chegara a Ilhéus junto de um grupo de pessoas, entre as quais estava Clemente, que estava interessado nela. Numa noite os dois deitaram-se debaixo de uma árvore enorme e lá ficaram conversando durante horas. No outro dia, porém, Gabriela não queria méis saber dessa noite. Então Clemente saiu de Ilhéus, mas ela lá ficou.
Um crime abalou a cidade. O Coronel Jesuíno matou Dona Sinhazinha e o Doutor Osmundo, sua esposa e o amante dela.
Nacib precisava entregar um grande jantar, mas estava sem cozinheira, por isso foi em busca de uma. Nas feiras nenhuma lhe serviu, mas , de repente,  uma lhe chamou a atenção: Gabriela.
Chegando ao bar Vesúvio, Nacib mostrou os afazeres para Gabriela,
No grande jantar, acirraram-se as diferenças políticas. Declara-se guerra pelo poder em Ilhéus entre Mundinho Falcão (oposição) e os Bastos (governo). Quando o jantar acaba, Nacib volta para casa e quando ia deixar um presente para Gabriela, tem com ela a primeira noite de amor.
Um engenheiro chamado por Mundinho tende a impedir que os grandes navios atraquem no porto de Ilhéus.
Nacib faz um pedido a Gabriela “perfume de cravo e com de canela” se ela aceita se casar com ele. Ela pensa bem e diz que sim. Foi o casamento mais animado de Ilhéus, Gabriela de azul celeste, de olhos baixos, sapatos a aperta-la e um riso tímido nos lábios. O mais emocionante foi a festa.
No último capítulo resolvem-se todos os casos. Josué e Glória oficializam sua relação, apesar de Glória ser expulsa de casa. Coronel Ramiro Bastos perde o apoio de Itabuna e manda matar, sem sucesso, seu ex aliado. Ele consegue fugir, mas morre dias depois. Com isso a guerra política acaba, com Mundinho Falcão e seus candidatos vencedores.
Quanto a Nacib e Gabriela, ela não se adapta de jeito nenhum a vida de senhora Saad, para desespero de Nacib, que acaba anulando o casamento ao pegá-la na cama com Tonico Bastos, o seu padrinho de casamento. Tonico foi tão humilhado por Nacib que decidiu sair da cidade. Com isso, o casamento foi anulado com facilidade.
Grandes obras são feitas na cidade, entre elas Nacib e Mundinho abrem um restaurante juntos. Semanas depois Nacib e Gabriela, que procurou trabalho no restaurante, reiniciam seu caso, tão ardente quanto era antes.
Então o Coronel, que no início matou sua mulher e o amante, é condenado a prisão.

Trecho e Análise

“Falavam da safra anunciando-se excepcional, a superar de longe todas as anteriores. Com os preços do cacau em constante alta, significava ainda maior riqueza, prosperidade, fartura, dinheiro a rodo. Os filhos dos coronéis indo cursar os colégios mais caros das grandes cidades, novas residências para as famílias nas novas ruas recém-abertas, móveis de luxo mandados vir do Rio, pianos de cauda para compor as salas, as lojas sortidas, multiplicando-se, o comércio crescendo, bebida correndo nos cabarés, mulheres desembarcando dos navios, o jogo campeando nos bares e nos hotéis, o progresso enfim, a tão falada civilização.
E dizer-se que essas chuvas agora demasiado copiosas, ameaçadoras, diluviais, tinham demorado a chegar, tinham-se feito esperar e rogar! Meses antes, os coronéis levantavam os olhos para o céu límpido em busca de nuvens, de sinais de chuva próxima. Cresciam as roças de cacau, estendendo-se por todo o sul da Bahia, esperavam as chuvas indispensáveis ao desenvolvimento dos frutos acabados de nascer, substituindo as flores nos cacauais. A procissão de são Jorge, naquele ano, tomara o aspecto de uma ansiosa promessa coletiva ao santo padroeiro da cidade.”
Nesse trecho nota-se as características de uma obra de Jorge Amado: a zona cacaueira da Bahia como pano de fundo, a crítica contida, quando se falam em coronéis, à ordem social. Além disso, ao longo do livro vê-se outras características, como o romance nas camadas mais pobres da sociedade e ênfase ao erotismo e a sensualidade da mulher brasileira, caracterizada por Gabriela.
Capitães da Areia

O livro se passa nas areias e nas ruas de Salvador, na Bahia. Nesse cenário, o autor desenvolve a história dos meninos de rua, que vivem num trapiche abandonado em um porto. Os motivos de estarem lá eram os mais variados: alguns ficaram órfãos, outros fugiram dos maus tratos de casa, outros foram abandonados...
São quase quarenta meninos, entre os nove e dezesseis anos, de todas as raças. O líder desses meninos era Pedro Bala, um rapaz loiro, de quinze anos, com uma grande cicatriz no rosto, causada por uma briga que lhe rendeu a liderança do grupo. Bala já vivia na rua há dez anos e conhecia cada palmo da cidade.
Os garotos apareciam na rua, sujos e esfomeados, fumando pontas de cigarro e falando palavrões. Durante o dia, ou mendigavam, ou praticavam pequenos furtos para poderem comer.
Além disso, praticavam grandes roubos, que fizeram a população temer e a polícia procurar os “Capitães da Areia”, como eram conhecidos. Os meninos pegos eram levados a um reformatório, que passava a imagem de “modelador de caráter” para os jovens delinqüentes. Mas sabendo que lá estariam sujeitos a todos os tipos de castigos, todos preferiam continuar nas ruas.
Alguns meninos se destacavam no grupo:
Sem-Pernas, que recebeu esse apelido por ser coxo e se aproveitava disso para causar pena nas pessoas, que o levavam para suas casas, onde ele fazia o trabalho de espião: observava onde estavam os objetos de valor e depois avisava os amigos que assaltavam a casa. E depois fugia com eles de volta ao trapiche.
João Grande, negro de treze anos, era forte e o mais alto de todos. Tinha pouca inteligência, mas era temido e bondoso.
José, o Professor, único que lia corretamente, tinha ido à escola apenas um ano e meio. Era míope e gostava de contar histórias. Sua imaginação solta criou os melhores planos de roubo.
Pirulito era um tanto religioso, magro e alto. Tinha o rosto seco e amarelado e não era de muito riso.
Gato, o malandro do grupo, era metido a elegante e queria se vestir bem. Tinha um caso com uma prostituta chamada Dalva, por isso muitas noites não dormia no trapiche.
Volta-Seca, um mulato sertanejo, se orgulhava de ser afilhado de Lampião. Vivia imitando passarinhos.
Boa-Vida era um dos que pouco participava das atividades do grupo. De vez em quando roubava algo que passava diretamente para Bala, para colaborar com o grupo. Vivia para tocar violão e jogar cartas, ou então ficar sem fazer nada.
Os Capitães da Areia contavam também com a ajuda de alguns adultos: Don’aninha, mãe de santo, sempre disposta a ajudar; Padre José Pedro, que conquistou a confiança dos meninos e vinha lhes trazer conforto e carinho. O Pescador Querido-de-Deus e o estivador João-de-Adão tinham a confiança dos meninos, que, por sua vez, não mediam esforços para recompensar esse apoio.
Foi através do próprio João-de-Adão que Pedro Bala ficou sabendo do passado de sua família. Seu pai, Raimundo, havia morrido baleado numa greve, lutando pelos estivadores. A mãe de Bala falecera quando ele tinha só seis meses.
Um dia, Salvador foi assolada pela epidemia de varíola. Como os pobres não tinham acesso à vacina, muitos morriam, isolados no lazareto. Almiro, o primeiro capitão a ser infectado, ali morreu. Já Boa-Vida teve outra sorte; saiu de lá, andando. Dora e o irmão, Zequinha perderam os pais durante a epidemia. Ao saber que eram filhos de bexiguentos, o povo fechava-lhes a porta na cara. Não tendo onde ficar, os dois acabaram no trapiche, levados por João Grande e o Professor.
No trapiche, Dora causou espanto e confusão, que foi contornada por Pedro Bala. Assim Dora passou a fazer parte dos Capitães da Areia e, vestida como um deles, participava das atividades do bando. Aos poucos, Pedro Bala percebeu que estava apaixonado. Dora que já era antes como sua irmã, sua mãe, era agora também sua noiva.
Quando roubavam um palacete de um ricaço na ladeira de São Bento, foram presos. Parte do grupo conseguiu fugir da delegacia, graças à intervenção de Bala que acabou sendo levado para o Reformatório. Ali sofreu muito, preso na cafua (espaço pequeno, embaixo de uma escada, onde não conseguia nem esticar as pernas) ou fazendo trabalhos forçados, mas conseguiu fugir. Em liberdade, preparou-se para libertar Dora. Um mês no Reformatório feminino foi o suficiente para acabar com a alegria e saúde da menina que, ardendo em febre, se encontrava na enfermaria.    
Os garotos conseguiram tirar Dora do Reformatório, mas ela estava muito doente e morreu nos braços de Pedro Bala, que havia tornado-a sua esposa. Don’aninha enrolou-a numa toalha branca e Querido-de-Deus jogou-a em alto mar. Pedro, inconsolável, sentiu por dias a ausência de Dora.
Alguns anos se passaram e o destino de cada um do grupo foi tomando rumo. Graças ao apoio de um poeta, o Professor foi para o Rio, e já estava expondo seus quadros. Pirulito, que já não roubava mais, entrara para uma ordem religiosa. Sem-Pernas morreu, quando fugia da polícia. Volta-Seca estava fazendo o que sempre tinha sonhado; aliou-se ao bando de seu padrinho, Lampião, tornando-se um terrível matador de polícia. Gato estava em Ilhéus, trapaceando coronéis. Boa-Vida, tocador de violão e armador de bagunças, pouco aparecia no trapiche. João Grande embarcou como marinheiro, num navio de carga.
Após o auxílio na greve dos condutores de bonde, o bando Capitães da Areia de Pedro Bala, tornou-se uma "brigada de choque", intervindo em comício, greves e em lutas de classes. Assim como Pirulito, Bala havia encontrado sua vocação. Passando a chefia dos Capitães da Areia para Barandão, seguiu para Aracaju, onde iria organizar outra brigada. Anos depois, Pedro Bala, conhecido organizador de greves e perigoso inimigo da ordem estabelecida, é perseguido pela polícia de cinco estados.

Trecho e Análise

“Vão para a porta do sindicato. Entram homens: negros, mulatos, espanhóis e portugueses. Vêem quando João de Adão e os outros estivadores saem entre vivas dos operários das linhas de bonde. Eles vivam também. João Grande e Barandão porque gostam do doqueiro João de Adão. Pedro Bala não só por isso, como porque acha bonito o espetáculo da greve, é como uma das mais belas aventuras dos Capitães da Areia. (...)
Os homens valentes têm uma estrela no lugar do coração. Mas nunca se ouviu falar de uma mulher que tivesse no peito, como uma flor, uma estrela. As mulheres mais valentes da terra e do mar da Bahia, quando morriam, viravam santas para os negros, como os malandros que foram também muito valentes.”
Através desse trecho percebemos as principais características de Jorge Amado: a trama nas camadas baixas da sociedade, a ideologia política relativamente comunista, a Bahia como pano de fundo, citações da cultura negra, enfim, Capitães da Areia é o que se pode chamar de uma obra típica de Jorge Amado.
O País do Carnaval

A obra conta a história de Paulo Rigger que perdera o pai, rico fazendeiro de cacau na Bahia, quando ainda era um estudante de ginásio. A última vontade do velho Rigger foi que mandassem Paulo formar-se na Europa.  Paul, terminado o ginásio, seguiu para Paris para formar-se doutor.
Na sua volta ao Brasil, aos 26 anos, Paulo encontrou uma francesinha chamada Julie, pela qual sentiu forte atração. Começaram um caso e, chegando à Bahia, foram morar numa cidade pacata chamada Garcia, na chácara da família. Lá, Julie o traiu com o negro Honório.
Paulo, sempre envolvido em rodas jornalísticas, começou a trabalhar em um jornal chamado “O Estado da Bahia”, onde fez muitas amizades, dentre as quais se destaca Pedro Ticiano.
Algum tempo depois, Paulo apaixona-se por Maria de Lurdes. Maria de Lurdes, ao revelar que não era mais moça, que já havia se entregado a outro homem, desilude Paulo, que a deixa.
Paulo sentia-se cada vez mais só e sofreu muito com a morte de Pedro Ticiano.
Sem Julie, Maria de Lurdes e Pedro Ticiano, Paulo decide voltar à Europa e deixar para trás o país do carnaval.

Trecho e Análise

“Adiante, um senador, um fazendeiro, um bispo, um diplomata e a senhora do senador conversam na boa paz burguesa dos que têm o reino da terra e a certeza de comprarem no céu.
-    Sim – diz o fazendeiro – foi regular a safra. Mas os preços...
-    Ora, coronel, o senhor quer dizer a mim?... Mesmo pelo preço que está, o café continua a dar um lucro fabuloso... è a riqueza de São Paulo e a do Brasil.
-    Mesmo porque o Brasil é São Paulo! – fez a senhora do senador, bairrista de irritar.
-    Oh, minha senhora! Perdoe-me se discordar de V. Exª mas...
Era o diplomata que falava. Primeiro-Secretário da Embaixada em Paris, ainda estava inédito o seu primeiro serviço à Pátria. Nascera ba Bahia e trazia no sangue e no cabelo a marca dos deboches de avôs portugueses  e avós africanas.
-   Mas há outros grandes Estados... Olhe a Bahia, minha senhora. A Bahia, veja V. Exª, produz tudo... Cacau. Fumo. Feijão. E produz homens, minha senhora, grandes gênios... Rui Barbosa era baiano”.
Nesse trecho podemos perceber algumas características de Jorge Amado: apesar de se tratarem de personagens ricos, o que não é comum em sua obra, vê-se claramente a crítica à burguesia, à situação social, enfim, deixando a vista uma de suas ideologias políticas. Além disso, como é normal das obras de Jorge Amado, há o enfoque na plantação do café e cacau.

Conclusão 

A literatura é uma caixa de mistérios e mensagens ocultas, que exigem nossa interpretação. E Jorge Amado incorpora bem esses detalhes em seus trabalhos. Através do desenvolvimento desse trabalho aprendemos a ler, não como o simples ato, mas com atenção, com visão crítica, comolhos de intérprete. E só então vemos a grandeza da obra de Jorge Amado.
Em seus livros, Jorge colocou seus amores, suas ideologias, sua fé. Por exemplo, ele sempre foi admirador da cultura negra e esse tema é muito visto em seus livros. Através de seus livros, Jorge espalhou seus ideais de igualdade e de justiça social, resultado de seu trabalho com o partido comunista.
Jorge Amado foi uma figura iluminada, a quem devemos algumas das melhores obras da literatura brasileira.

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