Nome:
Jorge Amado
Nascimento:
10/08/1912
Natural:
Itabuna - BA
Morte:
06/08/2001 |
|
Filho de João Amado de Faria e de D. Eulália Leal, Jorge
Amado de Faria nasceu no dia 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, em
Ferradas, distrito de Itabuna - Bahia. O casal teve mais três filhos: Jofre
(1915), Joelson (1920) e James (1922).
Com apenas dez meses, vê seu pai ser ferido numa tocaia
dentro de sua própria fazenda. No ano seguinte uma epidemia de varíola obriga a
família a deixar a fazenda e se estabelecer em Ilhéus.
Em 1917 a família muda-se para a
Fazenda Taranga, em Itajuípe, onde seu pai volta à lida na lavoura de cacau.
Em 1918, já alfabetizado por sua mãe, Jorge retorna a Ilhéus
e passa a freqüentar a escola de D. Guilhermina, professora que não hesitava
usar a palmatória e impor outros castigos a seus alunos.
No ano de 1922 cria um
jornalzinho, "A Luneta", que é distribuído para vizinhos e parentes.
Nessa época vai estudar em
Salvador, em regime de internato, no Colégio Antonio Vieira, de padres
jesuítas.
A bela redação que apresentou ao padre Luiz Gonzaga Cabral,
com o título de "O Mar", lhe rende elogios e faz com que o religioso
passe a lhe emprestar livros de autores portugueses e de outras partes do
mundo. Dois anos
depois, seu pai vai levá-lo até o colégio após as férias. Despedem-se e Jorge,
ao invés de entrar nele, foge. Viaja por dois meses até chegar à casa de seu
avô paterno, José Amado, em Itaporanga, no Sergipe.
A pedido de seu pai, seu tio
Álvaro o leva de volta para a fazenda em Itajuípe.
É matriculado no Ginásio Ipiranga, novamente como interno.
Conhece Adonias Filho e dirige o jornal do grêmio da escola, "A
Pátria". Pouco tempo depois funda
"A Folha", que fazia oposição ao primeiro. No ano de 1927, passa para
o regime de externato e vai morar num casarão no Pelourinho.
Emprega-se como repórter policial
no "Diário da Bahia". Pouco depois vai para o jornal "O
Imparcial". Uma poesia de sua autoria, "Poema ou prosa", é
publicada na revista "A Luva". Conhece o pai-de-santo Procópio, que o
nomeará ogã (protetor), o primeiro de seus muitos títulos no candomblé.
Reúnem-se em torno do experimentado jornalista e poeta
Pinheiro da Veiga os integrantes da Academia dos Rebeldes, grupo literário do
qual, além de Jorge, faziam parte Clóvis Amorim, Guilherme Dias Gomes, João
Cordeiro, Alves Ribeiro, Edison Carneiro, Aydano do Couto Ferraz, Emanuel
Assemany, Sosígenes Costa e Walter da Silveira. A Academia fazia oposição ao grupo Arco &
Flexa e pregava, no dizer de Jorge Amado, "uma arte moderna sem ser
modernista". Os trabalhos de seus integrantes são publicados nas revistas
"Meridiano" e "O Momento", ambas fundadas por eles.
Em 1929, começa a trabalhar em “O Jornal” onde publica, sob
o pseudônimo de Y. Karl, a novela "Lenita", escrita em parceria com
Dias da Costa e Edison Carneiro, que assinavam como Glauter Duval e Juan Pablo.
No ano seguinte transfere-se para o Rio de Janeiro para
estudar. Conhece Vinicius de Moraes, Otávio de Faria e outros nomes importantes
da literatura. "Lenita" é editada em livro por A. Coelho Branco
Filho, do Rio de Janeiro.
Aprovado, entre os primeiros colocados, na Faculdade de
Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em 1931, Jorge vê publicado
pela Editora Schmidt seu primeiro
romance, "O país do carnaval", com prefácio de Augusto Frederico
Schmidt e tiragem de mil exemplares. O livro recebe elogios dos críticos e
torna-se um sucesso de público.
No ano de 1932, muda-se para um apartamento em Ipanema com o
poeta Raul Bopp. Conhece José Américo de Almeida, Amando Fontes, Rachel de
Queiroz (através de quem se aproxima dos comunistas) e Gilberto Freyre. Sai a segunda edição de "O país do
carnaval", desta vez com tiragem de dois mil exemplares. Aconselhado por Otávio de Faria e Gastão
Cruls, desiste de publicar o romance "Rui Barbosa nº. 2"; para eles,
o livro não passava de uma cópia de "O país do carnaval". Viaja para
Pirangi, na Bahia; impressionado com a vida dos trabalhadores da região, começa
a escrever "Cacau".
A Ariel Editora, do Rio, em 1933, publica "Cacau",
com tiragem de dois mil exemplares e capa e ilustrações de Santa Rosa. O livro
esgota-se em um mês; a segunda edição sai com três mil exemplares.
Entre a primeira e a segunda
edição de Cacau, Jorge tem acesso, através de José Américo de Almeida, aos
originais de "Caetés", romance de Graciliano Ramos. Empolgado com o
talento do escritor alagoano, viaja para Maceió só para conhecê-lo, iniciando
uma amizade que duraria até a morte de Graciliano. Conhece
também José Lins do Rego, Aurélio Buarque de Holanda e Jorge de Lima. Torna-se
redatorchefe da revista "Rio Magazine". Casa-se em dezembro, em Estância,
Sergipe, com Matilde Garcia Rosa. Juntos, eles lançam, pela Schmidt, o livro
infantil Descoberta do mundo.
Em 1934, publica — também pela Ariel — o romance
"Suor". Trabalha na Livraria José Olympio Editora, do Rio de janeiro,
primeiro escrevendo releases e depois na parte editorial propriamente dita;
tendo influenciado na publicação de
"O conde e o passarinho", primeiro livro de Rubem Braga, e no
lançamento de autores latino-americanos como o uruguaio Enrique Amorim, o
equatoriano Jorge Icaza, o peruano Ciro Alegría e o venezuelano Rómulo Gallegos
(de quem traduziu o romance "Dona Bárbara").
Nasce sua filha Eulália Dalila Amado, em 1935. Escreve em
"A Manhã", jornal da Aliança Nacional Libertadora, pelo qual cobre a
viagem do presidente Getúlio Vargas ao Uruguai e à Argentina. "Cacau"
é publicado pela Editorial Claridad, de Buenos Aires. Neste mesmo ano
"Cacau" e "Suor" seriam lançados em Moscou. Conclui o curso de
Direito. Lança "Jubiabá" pela José Olympio Editora.
Sofre sua primeira prisão em 1936, por motivos políticos:
acusado de participar do levante ocorrido em novembro do ano anterior em Natal
— chamado de "Intentona Comunista” — é detido no Rio. Publica “Mar morto”,
que recebe o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras.
No ano seguinte faz papel de pescador no filme “Itapuã”, de
Ruy Santos, no qual também colabora com o argumento. Viaja pela América Latina
e depois vai aos Estados Unidos. Enquanto
está fora, sai no Brasil “Capitães da areia”. Quando chega a Belém, vindo do
exterior, é avisado pelo escritor paraense Dalcídio Jurandir do golpe de
Vargas. Foge
para Manaus, mas lá é preso. Seus livros, considerados subversivos, são
queimados em plena Salvador por determinação da Sexta Região Militar. Segundo as atas militares, foram queimados
1.694 exemplares de "O país do carnaval", "Cacau",
"Suor", "Jubiabá", "Mar morto" e "Capitães
da areia".
Liberto, em 1938, o escritor é mandado para o Rio. Muda-se
para São Paulo, onde reside com Rubem Braga. Depois vai para a Bahia e em
seguida, Sergipe; aqui imprime uma pequena edição do livro de poemas “A estrada
do mar”, que distribui para os amigos. Estréia em dois consagrados idiomas
literários do Ocidente: "Suor " sai em inglês pela pequena New
America, de Nova York, e "Jubiabá" em francês pela prestigiosa
Gallimard.
Retorna ao Rio no ano de 1939. Exerce intensa atividade
política, em decorrência das torturas de presos e a desarticulação do Partido
Comunista. Torna-se redator-chefe das revistas Dom Casmurro e Diretrizes.
Inicia colaboração com a revista Vamos ler; que manterá até 1941. Compõe, com
Dorival Caymmi e Carlos Lacerda, a serenata "Beijos pela noite". O
escritor franco-argelino Albert Camus, futuro Nobel de Literatura (1957),
escreve artigo no jornal Alger Républicain classificando "Jubiabá" de
"magnífico e assombroso".
Diretrizes publica o primeiro capítulo de "ABC de
Castro Alves", em 1940, e edita também, em forma de folhetim, a novela
"Brandão entre o mar e o amor", iniciada por Jorge Amado e continuada
por José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz.
Trabalha no jornal Meio-Dia.
Decide escrever, em 1941, um livro sobre Luís Carlos
Prestes, pensando numa possível campanha por sua anistia. Viaja para o Uruguai
a fim de recolher material; também faz pesquisas sobre o tema na Argentina.
Lança "ABC de Castro Alves", pela Livraria Martins Editora, de São
Paulo.
Publica em Buenos Aires "A vida de Luís Carlos
Prestes", em 1942. Embora editado em espanhol, o livro é vendido
clandestinamente no Brasil. Volta ao país, mas é preso ao desembarcar em Porto
Alegre. De lá é enviado para o Rio. Não permanece, porém, na então capital
federal: a polícia decide despachá-lo para Salvador, onde fica confinado.
1943 marca sua volta às páginas de O Imparcial assinando a
seção "Hora da guerra" e escrevendo pequenas histórias na coluna
"José, o ingênuo", que reveza com o jornalista e escritor baiano
Wilson Lins. Sai "Terras do sem fim", seu primeiro livro a ser
vendido livremente após seis anos de censura.
Em 1944, a pedido de Bibi Ferreira escreve a peça "O
amor de Castro Alves", mas a companhia teatral da atriz é desfeita antes
da encenação. Lança "São Jorge dos Ilhéus". Desquita-se de Matilde.
Participa, em janeiro de 1945, na condição de chefe da
delegação baiana, do I Congresso de Escritores, em São Paulo. O encontro
termina com uma manifestação contra o Estado Novo. Jorge é preso por um breve
período juntamente com Caio Prado Jr. O Barão de Itararé apresenta o romancista
a Zélia Gattai na Boate Bambu, durante jantar em homenagem aos participantes do
Congresso de Escritores.
Passa a viver em São Paulo, onde chefia a
redação do jornal Hoje, do Partido Comunista Brasileiro. Escreve também na
Folha da Manhã. Torna-se secretário do Instituto Cultural Brasil-URSS, cujo
diretor era Monteiro Lobato. Sai no Brasil "A vida de Luís Carlos
Prestes", rebatizado de "O cavaleiro da esperança".
Em julho, passa a viver com
Zélia. No mesmo mês participa, ao lado do poeta chileno Pablo Neruda (que em
1971 ganharia o Nobel de Literatura), do comício de Luís Carlos Prestes no
Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Lança "Bahia de Todos os Santos".
É eleito, com 15.315 votos, deputado federal pelo PCB. Publica o conto
"História de carnaval" na revista O Cruzeiro. "Terras do sem
fim" sai pela respeitada editora A. Knopf, de Nova York.
No ano seguinte assume o mandato na Assembléia Constituinte
e passa a residir no Rio de Janeiro. Várias de suas emendas, como a da
liberdade de culto religioso e a que dispõe sobre direitos autorais, são
aprovadas. Lança "Seara vermelha", pela Martins e, pela Edições
Horizonte, do Rio de Janeiro, "Homens e coisas do Partido Comunista".
Entusiasmado com a leitura de "Jubiabá", chega à Bahia o fotógrafo e
etnólogo francês Pierre Verger, que acabaria se radicando em Salvador e se
tornando um dos amigos mais íntimos de Jorge Amado.
Publica, em 1947, pela Editora do Povo, do Rio de Janeiro,
"O amor de Castro Alves". É um ano de vários acontecimentos na área
do cinema para o escritor: a Atlântida compra os direitos de "Terras do
sem fim"; ele escreve os diálogos do filme "O cavalo número 13",
uma produção de Fernando de Barros e ainda o argumento de "Estrela da
manhã", que seria dirigido por Mário Peixoto, encarregado também do
roteiro (o filme acabou sendo feito, mas não por Peixoto). Nasce, no Rio de
Janeiro, o filho João Jorge.
Com o cancelamento, em janeiro de 1948, do registro do
Partido Comunista, o mandato de Jorge Amado é cassado. Sem assento na Câmara
Federal e tendo seus livros considerados como "material subversivo",
o escritor, ainda no mês de janeiro, parte sozinho em exílio voluntário para
Paris. Em fevereiro, sua casa no Rio é invadida por agentes federais, que
apreendem livros, fotos e documentos. Logo após o episódio, Zélia e o filho
partem para Gênova, Itália, onde Jorge os apanha, levando-os a residir com ele
em Paris.
É nesta ocasião que o escritor
trava amizade com Jean-Paul Sartre, Picasso e outros expoentes da literatura e
da arte mundial. Na Polônia, participa do Congresso Mundial de Escritores e
Artistas pela Paz. Com o título de "Terras violentas", estréia no Rio
a adaptação da Atlântida do romance "Terras do sem fim". Para
comemorar o primeiro aniversário do filho, escreve a história "O gato
Malhado e a andorinha Sinhá". Viaja pela Europa e União Soviética.
Em 1949, dirigindo-se para a Tchecoslováquia, onde participaria
de um congresso de escritores, sofre um acidente de avião na cidade de
Frankfurt, Alemanha; escapa ileso. Morre no Rio, "de repente",
conforme conta o escritor, sua filha Eulália.
Por motivos políticos, em 1950, o governo francês expulsa
Jorge Amado e sua família do país. O escritor, Zélia e João Jorge passam a
residir em Dobris, Tchecoslováquia, no castelo da União dos Escritores. Realiza
viagens políticas pela Europa Central e União Soviética. Escreve "O mundo
da paz", livro sobre os países socialistas.
No ano seguinte escreve o romance tripartido "Os
subterrâneos da liberdade" (Os ásperos tempos, Agonia da noite e A luz no
túnel). Sai no Brasil, pela Editorial Vitória, do Rio, o livro "O mundo da
paz" pelo qual Jorge Amado seria processado e enquadrado na lei de
segurança. Nasce em Praga sua filha Paloma. Recebe, em Moscou, o Prêmio
Internacional Stalin.
Vai à China e à Mongólia, em 1952. Volta ao Brasil com a
família fixando residência no apartamento de seu pai, no Rio de Janeiro.
Responde ao processo por "O mundo da paz". O juiz responsável pelo
caso arquiva o processo, dizendo que o livro "é sectário e não
subversivo". Com a aprovação, nos Estados Unidos, da lei anticomunista, o
escritor é proibido de entrar naquele país; seus livros também são vetados por
lá.
Viaja à Europa, Argentina e Chile, em 1953. Na última etapa
do giro, é informado sobre a doença de Graciliano Ramos. Volta ao Brasil para
rever o amigo, que acabaria morrendo em seguida. Jorge Amado faz então o
discurso de despedida à beira do túmulo de Graciliano, a quem substitui na
presidência da Associação Brasileira de Escritores. Dirige a coleção
"Romances do povo", da Editorial Vitória; acabará fazendo este
trabalho até 1956. Sai a quinta edição de "O mundo da paz"; o
escritor proíbe reedições da obra, por acreditar que o livro "trazia uma
visão desatualizada da realidade dos países socialistas".
O romance "Os subterrâneos da liberdade" é lançado
em três volumes, em 1954. A trilogia provoca uma dura reação dos trotskistas
brasileiros, gerando polêmica com o jornalista Hermínio Sacchetta (o
"Abelardo Saquilá" do romance). Sai em Portugal, pela Editorial
Avante, um folheto de seis páginas assinado por Jorge Amado e Pablo Neruda,
cujo objetivo era contribuir para a libertação do líder comunista Álvaro Cunhal
e marcar posição contra o salazarismo.
De janeiro a março de 1955, permanece em Viena. Em dezembro
faz rápida viagem à Bahia.
É lançada, pela Ricordi brasileira, em 1956, a partitura de
"Não te digo adeus", com letra de Jorge Amado e música do músico e
maestro amazonense Cláudio Santoro. Assume no Rio a chefia de redação do
quinzenário Para-todos, ao lado do irmão James, de Oscar Niemeyer e Moacir
Werneck de Castro, dentre outros. Sai do Partido Comunista, segundo explica, "porque
queria voltar a escrever". Jorge Amado diz que sabia desde 1954 das
atrocidades de Stalin, denunciadas publicamente neste ano no XX Congresso do
PCUS. "Mas na realidade deixei de militar politicamente porque esse
engajamento estava me impedindo de ser escritor", afirma.
Viaja ao Oriente ao lado de Zélia, Pablo e Matilde Neruda,
em 1957. "Terras do sem fim" é lançado em quadrinhos. Carlo Ponti,
cineasta italiano, compra os direitos de "Mar morto"; mas o filme não
chega a ser realizado. Conhece a mãe-de-santo Menininha do Gantois, a quem
ficaria ligado até a morte dela, ocorrida em agosto de 1986.
Na tranqüilidade de Petrópolis, em 1958, escreve
"Gabriela, cravo e canela". O livro, publicado em agosto, esgota 20
mil exemplares em apenas duas semanas; até dezembro venderia mais de 50 mil
exemplares. Sai o disco "Canto de amor à Bahia e quatro acalantos de
Gabriela, cravo e canela", trazendo leituras de Jorge Amado e música de
Dorival Caymmi.
No ano seguinte, "Gabriela" coleciona prêmios:
Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro; Jabuti, da Câmara Brasileira
do Livro e Luiza Cláudio de Souza, do Pen Club, são alguns deles. O
romance ultrapassa a casa dos 100 mil exemplares vendidos. Recebe em Salvador,
do Axé Opô Afonjá, um dos mais altos títulos do candomblé, o de obá orolu
(também receberam tal distinção o compositor Dorival Caymmi e o artista
plástico Carybé). "Obá, no sentido primitivo, é um dos doze ministros de
Xangô", explica Jorge Amado. Funda a Academia de
Letras de Ilhéus. Lança na revista Senhor, do Rio de Janeiro, a novela "A
morte e a morte de Quincas Berro Dágua"; a idéia inicial era que este
texto, de 98 páginas datilografadas e escrito em dois dias, integrasse o
romance "Os pastores da noite". Naquela mesma publicação sairia o
conto "De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto".
Na condição de vice-presidente da União Brasileira de Escritores, Jorge Amado promove, com o
então presidente Peregrino Jr., o Festival do Escritor Brasileiro num shopping
center de Copacabana, em 1960. A data do evento, 25 de julho; acabaria sendo
consagrada, por decreto governamental, como "Dia do Escritor".
Ciceroneia o casal Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir em sua estada no
Brasil.
Por unanimidade, é eleito, no dia 6 de abril de 1961, em primeiro
escrutínio, para a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, que pertencia a
Otávio Mangabeira. No mesmo mês estréia na Tv Tupi do Rio de Janeiro a
adaptação de "Gabriela" feita por Antônio Bulhões de Carvalho e com
direção de Maurício Sherman; no papeltítulo da novela está Janete Vollu de
Carvalho e no de Nacib, Renato Consorte. A
Metro Goldwin Mayer compra os direitos de adaptação para o cinema de
"Gabriela". Com o dinheiro, Jorge
adquire um terreno em Rio Vermelho, então na periferia de Salvador, e
começa a construir lá uma casa. Anos depois, o escritor recompraria do estúdio
americano os direitos do romance. Ele assegura que não se lembra mais de nenhum
dos valores negociados com a Metro.
A posse na ABL acontece no dia 17 de julho; lá
Jorge Amado é recepcionado por Raimundo
Magalhães Jr. Saí "Os velhos marinheiros", livro que comporta as
novelas "A morte e a morte de Quincas Berro Dáguá" e "A completa
verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão,
capitão de longo curso". É eleito membro do Conselho da Presidência do
Pen Club do Brasil. O presidente Juscelino Kubitschek convida-o para ser
embaixador do Brasil na República Árabe Unida; o escritor recusa o convite.
Homenagens no Rio, na Bahia e em outros estados por seus 30 anos de atividade
literária; sua editora, a Martins, lança um livro alusivo à data. A revista francesa Les Temps Modernes publica
a tradução de "A morte e a morte de Quincas Berro Dágua".
Seu pai morre no Rio de Janeiro, aos 81 anos de idade, em
1962. Cria a Proa Filmes, companhia de cinema cujo primeiro e único trabalho é
a adaptação de "Seara vermelha", com direção de Alberto D'Avessa e
estrelada por Marilda Alves; o filme estrearia no ano seguinte. Saí,
pela gráfica O Cruzeiro, o romance policial "O Mistério dos MMM",
escrito por Jorge Amado, Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio
Cardoso, Herberto Sales, José Condé, Guimarães Rosa, Antonio Callado, Orígenes
Lessa e Rachel de Queiroz. Viagem a Havana, a convite da União dos Escritores
Cubanos.
"O cavaleiro da esperança" é apreendido pela
polícia, em 1963. Instalase na casa do bairro de Rio Vermelho (à Rua
Alagoinhas, 33), onde reside até falecer.
Lança "Os
pastores da noite", em 1964.
No ano seguinte publica o conto "As mortes e o triunfo
de Rosalinda" na antologia "Os dez mandamentos", da editora
Civilização Brasileira, do Rio de Janeiro. Graças à intervenção de Guilherme
Figueiredo, então adido cultural do Brasil na França, Jorge Amado e sua família
recebem autorização para poder entrar de novo naquele país. A Warner
Brothers adquire os direitos de filmagem de "A completa verdade sobre as
discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo
curso".
Mais de mil pessoas comparecem à primeira sessão de
autógrafos de Jorge Amado em Portugal, em 1966, na Sociedade Nacional de Belas
Artes.
O escritor chega aos mil autógrafos no
lançamento de "Dona Flor e seus dois maridos" na livraria Civilização
Brasileira, em Salvador. O
romance sai com tiragem de 75 mil exemplares. Uma segunda sessão de autógrafos
é marcada na capital baiana para atender aos leitores que ficaram de fora da
primeira.
Jorge Amado por Carlos Scliar, artista plástico gaúcho,
1947.
A União Brasileira de Escritores, presidida por Peregrino
Jr., apresenta em Estocolmo a candidatura formal de Jorge Amado ao Prêmio Nobel
de Literatura, em 1967, embora o escritor a recuse.
Durante duas horas e meia, Jorge
depõe para o arquivo do Museu da Imagem e do Som, na presença de James Amado,
do crítico Eduardo Portella e do romancista Antonio Olinto, dentre outros.
A UBE insiste em apresentar novamente a candidatura de Jorge
Amado ao Nobel, em 1968. O escritor concorda, mas exige que ela seja feita
junto com a do romancista português Ferreira de Castro, seu amigo. O
cineasta polonês Roman Polanski visita o escritor na Bahia para "agradecer
a alegria que seus livros me proporcionaram na juventude".
No ano seguinte lança "Tenda dos milagres"
(tiragem de 75 mil exemplares), livro que começou a escrever na casa de campo
do pintor baiano Genaro de Carvalho. Jorge dizia ter sido este seu melhor
romance.
Recebe em São Paulo o Prêmio Juca Pato - 1970, da União
Brasileira de Escritores, como "Intelectual do Ano". Lidera, ao lado
do escritor gaúcho Érico Veríssimo, um movimento contra a censura prévia aos
livros. Estréia o filme "Capitães da areia", produção americana
dirigida por Hall Bartlett.
Seu primeiro neto, Bruno, filho de João Jorge e Maria da Luz
Celestino nasce em Salvador, em 1971. Divide com Ferreira de Castro o Prêmio
Gulbenkian de Ficção, entregue na Academia do Mundo Latino, em Paris. Faz
conferência no Instituto de Letras da Universidade da Pensilvânia.
Sua mãe morre em Salvador, aos 88 anos de idade, em 1972.
Nasce Mariana, a primeira neta, filha de Paloma e Pedro Costa. Sai "Tereza
Batista cansada de guerra". A escola de samba Lins Imperial, do Rio de
Janeiro, apresenta o enredo "Bahia de Jorge Amado". Numa viagem à
Europa encontra, em Barcelona, o escritor colombiano Gabriel García Márquez,
futuro Nobel de Literatura (1982).
Nasce Maria João, filha de João Jorge e Maria da Luz, em
1973. Fernando Sabino dirige um documentário sobre Jorge Amado, "Na casa
do Rio Vermelho".
Inaugurado em Salvador o Hotel Pelourinho, com registro em
placa da época em que o escritor morou naquele local, em 1974.
A Martins, que havia pedido concordata no ano anterior,
começa a lançar livros de Jorge Amado em co-edição com a Record, do Rio de
Janeiro, em 1975. Marcel Camus leva para o cinema o romance "Os pastores
da noite", que é exibido na França com o título de "Otalia da
Bahia".
Este é o ano também da estréia do
maior sucesso do escritor na TV: a adaptação de Walter George Durst do romance
"Gabriela, cravo e canela", levada ao ar pela Rede Globo, com direção
de Walter Avancini, Sônia Braga no papel-título e Armando Bogus interpretando
Nacib.
Com o fechamento da Livraria Martins Editora, em 1976, Jorge
passa a ser autor exclusivo da Record. Nasce a neta Cecília, filha de Paloma e
Pedro Costa. Estréia
no cinema "Dona Flor e seus dois maridos", de Bruno Barreto, com
Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. Após três meses de exibição o
filme bate recorde de bilheteria — dez milhões de espectadores. Na Bahia,
começa a escrever "Tieta do Agreste".
Participa da Feira Internacional
do Livro de Frankfurt; que neste ano é dedicada à literatura latino-americana.
A pedido do filho João Jorge e do amigo Carybé, que faz as ilustrações, publica
"O gato Malhado e a andorinha Sinhá".
o ano seguinte, cercado de intensa campanha publicitária, é
lançado no Rio o romance "Tieta do Agreste", que Jorge Amado
concluíra em Londres.
Também no Rio o autor, participa do ato de
inauguração da rua Tieta do Agreste, localizada no Recreio dos Bandeirantes,
zona sul da cidade.
Recebe o título de sócio benemérito do afoxé
Filhos de Gandhi. Estréia "Tenda dos milagres", filme de Nelson
Pereira dos Santos. Interpreta um dos apóstolos de Cristo na cena da
"Última Ceia" do filme A Idade da Terra, de Glauber Rocha. A casa onde o escritor viveu em Ferradas
é tombada pela Prefeitura de Itabuna. Grava no Rio, para a Biblioteca do
Congresso dos Estados Unidos, trechos de seus romances "Os pastores da
noite" e "Tereza Batista cansada de guerra".
Em 1978, Glauber Rocha realiza documentário abordando a obra
de Jorge Amado. O escritor oficializa, no dia 13 de maio, sua união com Zélia
Gattai; a cerimônia acontece na casa do pintor Calasans Neto, em Itapuã.
Sai "Farda fardão camisola de dormir", em 1979.
Estréia na Broadway o musical Saravá, de Richard Nash e Mitch Leigh, baseado em
"Dona Flor e seus dois maridos". Escreve,
sob encomenda de um banco, para uma edição especial de fim de ano, o conto
"Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas
ribanceiras do rio São Francisco". Lança
em disco, pela Som Livre, uma versão do livro "Bahia de Todos os
Santos".
Nasce João Jorge Filho, em 1980, outro neto que lhe é dado
por João Jorge e Maria da Luz. A revista Vogue Brasil dedica um número a Jorge
Amado, que escreve o texto "O menino grapiúna", onde conta
reminiscências da época em que viveu na região cacaueira.
Daí surgiu a idéia de "Tocaia
Grande", que falaria do nascimento e desenvolvimento de uma cidade naquela
área. Recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia.
É condecorado como Grande Oficial
da Ordem de Santiago da Espada pelo presidente português Ramalho Eanes.
Participa, na condição de convidado especial, do programa L'apostrophe, da
televisão francesa, comandado por Bernard Pivot.
"O menino grapiúna" é lançado numa edição
não-comercial, em 1981. O jornal francês Le Matin publica o conto "Do
recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas ribanceiras
do rio São Francisco". "Terras do
sem fim" estréia na Tv Globo (adaptação de Walter George Durst e direção
de Herval Rossano); na trilha sonora, Jorge Amado assina, com Dorival Caymmi, a
música Cantiga de cego. No centenário de Ilhéus, o escritor é
homenageado com uma placa e uma escultura de bronze numa rua que leva seu nome;
uma outra rua ganha o nome de seu pai.
É entrevistado em Salvador pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa, que
à época apresentava, nas noites de domingo, um programa na TV de seu país.
O autor passa a ser nome de rua em Itapuã, em 1982. É
homenageado no carnaval de Salvador pelo bloco Dengo da Bahia, que apresenta o
enredo Bahia de Jorge Amado. Começa
a escrever "Bóris, o vermelho", que, por diferentes motivos, seria
seguidamente interrompido e acabou não sendo
concluído.
Na primeira vez que adiou a redação de
"Bóris", disse que foi "porque a idéia não estava bem amadurecida".
Jorge Amado inicia "Tocaia Grande". A
Caixa Econômica Federal lança seis milhões de bilhetes de loteria com a efígie
do escritor. Zélia Gattai publica Um chapéu para viagem, onde conta como
conheceu Jorge. Sai a edição comercial de "O menino grapiúna".
Nasce Jorge Amado Neto, filho de João Jorge com sua segunda
mulher, Rízia Vaz Coutrim, em 1983. Inaugurado em Ferradas um busto do
escritor. Estréia o filme "Gabriela", co-produção BrasilItália
dirigida por Bruno Barreto com Sônia Braga no papel-título e o ator italiano
Marcello Mastroianni interpretando Nacib.
Em 1984, publica "Tocaia Grande" (com uma
anunciada tiragem inicial de 150 mil exemplares). Tenta retomar "Bóris, o
vermelho", mas o deixa de lado para escrever "A guerra dos
santos", título original do romance que se chamaria "O sumiço da
santa". O
presidente francês, François Mitterrand, outorga-lhe a comenda da Legião da
Honra. Lança "A bola e o goleiro", uma história infantil.
Começa
a articular a criação da Fundação Casa de Jorge Amado. Zélia publica Senhora
dona do baile, onde fala do primeiro exílio do escritor.
Toma posse na Academia de Letras da Bahia (cadeira 21), em
1985. Recebe o título de Grão-Mestre da Ordem do Rio Branco, no grau de Grande
Oficial, oferecido pelo governo brasileiro. Participa
do Festival de Cinema de Cannes. É homenageado pelo Centro Georges Pompidou, de
Paris, onde se realiza um debate sobre sua obra. Estréia na Rede Globo a
minissérie "Tenda dos milagres" (adaptação de Aguinaldo Silva e
Regina Braga e direção de Paulo Afonso Grisolli, Maurício Farias e Ignácio
Coqueiro; no papel de Pedro Archanjo, Nelson Xavier).
Morre, em 1986, aos 73 anos de idade, sua ex-esposa Matilde
Mendonça Garcia Rosa. Participa, como presidente do júri, do VIII Festival
Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, em Cuba; na ocasião, é
homenageado por Fidel Castro.
Decreto assinado pelo presidente José Sarney
no dia 2 de julho, data de aniversário de Zélia Gattai, cria a Fundação Casa de
Jorge Amado.
Lança, pela Berlendis & Vertecchia, de São
Paulo, "O capeta Carybé", sobre o artista plástico argentino, nascido
Hector Julio Páride Bernabó, seu amigo desde os anos 50, quando se instalou na
Bahia.
Inaugurada, no dia 7 de março de 1987, a Fundação Casa de
Jorge Amado, que passa a desenvolver intenso trabalho de preservação e
divulgação da obra do escritor. Na
presidência da entidade está Germano Tabacof e na diretoria executiva, Myriam
Fraga.
O símbolo da Casa é um exu
desenhado por Carybé, que já vinha aparecendo nas edições dos livros de Jorge
Amado. Segundo o escritor, exu é um deus dos mais importantes nas religiões
fetichistas; se elas admitissem a existência do diabo, ele seria o diabo. Segundo
as mães-de-santo, "exu é uma divindade travessa, uma criança, que adora
pregar peças e, principalmente, não admite censura". Recebe
o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Lumière, da cidade francesa de
Lyon. Lançamento da revista Exu, da Fundação Casa de Jorge Amado; o número de
estréia traz uma bibliografia do escritor e um texto dele intitulado "O
enterro do Yalorixá". Zélia lança o livro
Reportagem incompleta, que reúne fotos que ela fez de Jorge Amado. O escritor
recebe o título de sócio honorário do Pen Club do Brasil. Lançado 0 filme
"Jubiabá", dirigido por Nelson Pereira dos Santos.
Zélia Gattai publica, em 1988, Jardim de inverno, onde fala
do exílio na Tchecoslováquia em companhia de Jorge Amado. A
Orquestra Sinfônica da Bahia, sob regência do maestro Carlos Veiga, apresenta
uma peça do compositor paulista Francisco Mignone inspirada em "A morte e
a morte de Quincas Berro Dágua". Publica "O sumiço da santa". Recebe
em Brasília o Prêmio Pablo Picasso, da Unesco, durante o Simpósio Internacional
de Escritores da América Latina e do Caribe. Inauguração, em Ilhéus, da Casa de
Cultura Jorge Amado.
A escola de samba Império Serrano, do Rio de Janeiro,
apresenta o enredo "Jorge Amado - Axé, Brasil", em 1989. Recebe o
Prêmio Pablo Neruda, da Associação dos Escritores Soviéticos.
Estréia na Rede Globo a novela
"Tieta", com adaptação de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e
Ricardo Linhares e direção de Paulo Ubiratan, Reynaldo Boury e Luiz Fernando
Carvalho; no papel-título, Bety Faria. Jorge
Amado é entrevistado no programa do escritor Georges Simenon na TF1 (França). Escreve
texto em favor da candidatura à Presidência da República, pelo Partido
Comunista Brasileiro, do deputado federal Roberto Freire (PE).
Estréia na Tv Bandeirantes a minissérie "Capitães da
areia", com adaptação de José Louzeiro e Antonio Carlos Fontoura e direção
de Walter Lima Jr.
Em 1990, participa, como representante do Brasil, da
comissão internacional que dará assessoria ao projeto de reconstrução da antiga
biblioteca de Alexandria, no Egito.
Aberto em Recife o arquivo do
DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) pernambucano, no qual o
prontuário de número 6.172 trata das atividades políticas de Jorge Amado.
Recebe o título de Doutor Honoris
Causa da Universidade de Israel e da Universidade Dagli Studi de Bari, Itália. Na Itália recebe os prêmios Cino del Duca,
concedido por um júri presidido pelo escritor Maurice Druon, secretário-geral
da Academia Francesa. A Universidade Livre de Berlim realiza o seminário
"Cultura popular na obra de Jorge Amado".
Paralelamente a "Bóris, o vermelho", escreve
"Navegação de cabotagem", relato memorialístico, em 1991. Recebe o
teatrólogo e novelista Dias Gomes na Academia Brasileira de Letras. Escreve,
sob encomenda, para uma empresa italiana, a história "A descoberta da
América pelos turcos", que deveria ser incluída num livro ao lado de textos
do americano Norman Mailer e do mexicano Carlos Fuentes. Preside o 14° Festival Cultural de Asylah,
Marrocos, cujo tema é "Mestiçagem, o exemplo do Brasil". Participa
do Fórum Mundial das Artes em Veneza, Itália.
Estréia na Rede Globo, em 1992, a minissérie "Tereza
Batista" (com adaptação de Vicente Sesso, direção de Paulo Afonso Grisolli
e Patrícia França no papel-título). Publica "Navegação de cabotagem".
Uma
série de eventos comemora os 80 anos do escritor. As principais homenagens,
naturalmente, se concentram em Salvador: shows no Pelourinho, debates,
exposições. Para festejar a data, a Fundação Casa de Jorge Amado publica o
livro "Jorge Amado: 80 anos de vida e obra", organizado por Maried
Carneiro e Rosane Canelas Rubim. Paloma Amado e Pedro Costa iniciam a revisão
completa da obra do escritor, a fim de eliminar erros acumulados ao longo das
sucessivas reedições de seus livros. É
homenageado no Centro Georges Pompidou com a exposição Jorge Amado, écrivain de
Bahia; no mesmo local participa do seminário "Reencontro de dois
mundos", realizado para comemorar o quarto centenário do descobrimento da
América.
Publica, em 1994, no Brasil, "A descoberta da América
pelos turcos" (o projeto do livro com Mailer e Fuentes não vingara, mas o
texto de Jorge Amado já tinha saído em 1992 na França). "Gabriela, cravo e
canela" inaugura a série de relançamentos revisados da obra do escritor.
Recebe, dos governos brasileiro e português, o Prêmio
Camões, em 1995. Começa a escrever um romance provisoriamente intitulado
"A apostasia universal de Água Brusca", que focaliza a luta pelo
poder entre a igreja e os coronéis do sertão baiano. Recebe o título de Doutor
Honoris Causa da Universidade de Pádua, Itália; também na Itália é contemplado
com o Prêmio Vitaliano Brancatti. João Moreira Salles realiza o documentário
"Jorge Amado".
Em maio de 1996, o escritor sofre em Paris um edema
pulmonar. Depois de dez dias de internação, recebe alta e viaja para Salvador,
onde em julho comemora com os amigos os 80 anos de Zélia.
Estréia "Tieta
do Agreste", filme de Cacá Diegues, que também assina o roteiro, ao lado
de João Ubaldo Ribeiro e Antonio Calmon. No papeltítulo, Sônia Braga. Em
outubro, é submetido a uma angioplastia. A operação mobiliza atenções do país
inteiro e é coroada de pleno êxito. Na saída do hospital o escritor anuncia que
retomará "brevemente" seus projetos literários.
O romance "Tieta do Agreste" é escolhido como tema
do carnaval de Salvador, em 1997. No domingo de folia, o bloco "Amigos do
Amado Jorge", liderado pelo cantor e compositor Caetano Veloso, desfila em
homenagem ao romancista, que assiste à festa ao lado de Zélia Gattai no
camarote da passarela da Praça do Campo Grande. A editora Record lança
"Milagre dos Pássaros", livro com conto ainda inédito no Brasil.
No Salão do Livro de Paris, em 1998, é uma das principais
atrações e recebe o título de Doutor Honoris Causa na Sorbonne. Estréia na Rede Globo a mini-série "Dona
Flor e seus dois maridos", adaptação de Dias Gomes para o romance de mesmo
nome.
Em maio de 1999, é hospitalizado para fazer exames de rotina
e tratar de um mal-estar digestivo. Em
junho, a Fundação Casa de Jorge Amado lança o livro "Rua Alagoinhas 33,
Rio Vermelho", sobre a casa em que o autor vivia e sobre seu cotidiano.
Cada vez mais recluso, face a seus problemas de saúde,
comemora em agosto de 2000, com poucos amigos e a família, seus 88 anos. Vivia
deprimido por se encontrar quase sem enxergar, sob dieta rigorosa, privando-se
do que muito gostava: de escrever, de ler um bom livro e de um bom prato.
No dia 21 de junho de 2001, Jorge Amado é internado com uma
crise de hiperglicemia e tem uma fibrilação cardíaca. Após alguns dias, retorna
à sua casa, porém, em 06 de agosto volta a se sentir mal e falece na cidade de
Salvador às 19,30 horas. A seu pedido, seu corpo foi cremado e suas cinzas
foram espalhadas em torno de uma mangueira em sua residência no Rio Vermelho.
Leia a linda crônica escrita por João Ubaldo Ribeiro,
"Jorge Amado e eu", onde nos fala da dor pela perda de seu grande amigo
e incentivador
Bibliografia
Romances: - O País do
Carnaval, 1931; Cacau, 1933;Suor, 1934;Jubiabá, 1935;Mar Morto-1936 Capitães da
Areia, 1936;Terras do Sem Fim, 1943;São Jorge dos Ilhéus, 1944;Seara Vermelha,
1946;Os Subterrâneos da Liberdade (3v), 1954 (v. 1:Os Ásperos Tempos; v. 2:
Agonia da Noite; v. 3: A Luz no Túnel) Gabriela, Cravo e Canela: crônica de uma
cidade do interior, 1958;Os Pastores da Noite, 1964;- Dona Flor e Seus Dois
Maridos: esotérica e comovente história vivida por Dona Flor, emérita
professora de Arte Culinária, e seus dois maridos — o primeiro, Vadinho de
apelido; de nome Teodoro Madureira e farmacêutico o segundo ou A espantosa
batalha entre o espírito e a matéria, 1966;Tenda dos Milagres, 1969;Teresa
Batista Cansada da Guerra, 1972;Tieta do Agreste: pastora de cabras ou A volta
da filha pródiga, melodramático folhetim em cinco sensacionais episódios e
comovente epílogo: emoção e suspense!, 1977; Farda Fardão Camisola de
Dormir:fábula para acender uma esperança, 1979;Tocaia Grande: a face obscura,
1984;O Sumiço da Santa: uma história de feitiçaria, 1988;- A Descoberta da
América pelos Turcos ou De como o árabe Jamil Bichara, desbravador de
florestas, de visita à cidade de Itabuna, para dar abasto ao corpo, ali lhe
ofereceram fortuna e casamento ou ainda Os esponsais de Adma, 1994;O Compadre
de Ogum, 1995;Novelas- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua, 1959;A Morte e
a Morte de Quincas Berro Dágua (publicada juntamente com Os Velhos Marinheiros
ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do Comandante Vasco Moscoso
de Aragão, capitão de longo curso, in Os velhos marinheiros, 1961;Os Velhos
Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante
Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, 1976;
Literatura Infanto-Juvenil: O Gato Malhado e a Andorinha
Sinhá: uma história de amor, 1976;A Bola e o Goleiro, 1984;O Capeta Carybé,
1986
Poesia: A Estrada do Mar, 1938;
Teatro: O Amor do Soldado, 1947 (ainda com o título O Amor
de Castro Alves), 1958
Contos: Sentimentalismo, 1931; O homem da mulher e a mulher
do homem, 1931;História do carnaval, 1945;As mortes e o triunfo de Rosalinda,
1965;Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas
ribanceiras do rio São Francisco, 1979;O episódio de Siroca, 1982;De como o
mulato Porciúncula descarregou o seu defunto, 1989;
Relatos autobiográficos: O menino grapiúna, 1981;Navegação
de cabotagem: apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei,
1992;
Textos autobiográficos: ABC de Castro Alves, 1941;O
cavaleiro da esperança, 1945,Guia/Viagens: Bahia de Todos os Santos: guia de
ruas e de mistérios, 1945,O mundo da paz (viagens), 1951- Bahia Boa Terra
Bahia, 1967,Bahia, 1970;Terra Mágica da Bahia, 1984.
Documento político/Oratória: Homens e coisas do Partido
Comunista, 1946;Discursos, 1993
Livro traduzido: Dona Bárbara (Doña Barbara), romance do
venezuelano Rómulo Gallegos, 1934,
Em parceria: Lenita (novela), com Edison Carneiro e Dias da
Costa, 1929;Descoberta do mundo (literatura infantil), com Matilde Garcia Rosa,
1933;Brandão entre o mar e o amor, com José Lins do Rego, Graciliano Ramos,
Aníbal Machado e Rachel de Queiroz, 1942;O mistério de MMM, com Viriato Corrêa,
Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Rachel de Queiroz,
José Condé, Guimarães Rosa, Antônio
Callado e Orígines Lessa, 1962;
Publicações no exterior:Segundo a Fundação Casa de Jorge
Amado, existem registros oficiais de traduções de obras do escritor para os
seguintes idiomas: azerbaidjano, albanês, alemão, árabe, armênio, búlgaro,
catalão, chinês, coreano, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol,
esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani,
hebraico, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês,
letão, lituano, macedônio, moldávio, mongol, norueguês, persa, polonês, romeno,
russo, sérvio, sueco, tailandês, tcheco, turco, turcumênio, ucraniano e
vietnamita (48 no total). Essas traduções foram publicadas no mínimo nos
seguintes países: Albânia, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Armênia,
Áustria, Azerbaidjão, Bulgária, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia do
Norte, Coréia do Sul, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Eslováquia,
Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irã,
Islândia, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão, Letônia, Lituânia, México,
Mongólia, Noruega, Paraguai, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia,
Rússia, Suécia, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela e Vietnã; o
Brasil também deve ser computado em função da edição nacional em esperanto,
totalizando 52 nações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
http://veramelo.blogspot.com.br/